Economia

Retomada da indústria de MG dependerá de medida pública

Retomada da indústria de MG dependerá de medida pública
Crédito: Alisson J. Silva

A indústria mineira vem superando obstáculos da pandemia de Covid-19 e registrando sinais de recuperação. Em janeiro, embora a produção das fábricas tenha recuado 0,5%, ante dezembro, houve expansão de 9,8% quando comparado ao mesmo mês do ano passado, segundo o IBGE.

Já o faturamento, cresceu 1% no primeiro mês deste ano, ante dezembro, registrando a terceira alta consecutiva, conforme pesquisa Index, da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Na avaliação de representantes e especialistas do setor, tais resultados mostram recuperação. Porém, para que essa retomada se sustente ao longo de 2021 e para que os empregos sejam resguardados, novas medidas de auxílio do poder público são necessárias ainda neste primeiro semestre.

“Os pacotes de ajuda dados em 2020 foram fundamentais para que a indústria pudesse recuperar. A MP (medida provisória) 936 foi muito importante e permitiu a manutenção de postos de trabalho. Foi uma medida boa, com bons resultados e custos reduzidos. A edição de uma nova MP nos mesmos moldes, acompanhada de um novo pacote de auxílio emergencial à população, certamente irá manter a recuperação da indústria mineira”, avaliou o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe.

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O ministro da economia, Paulo Guedes, disse na semana passada que a equipe econômica do governo estuda a edição de nova medida provisória nos moldes da 936. A MP, editada em abril, autorizou negociações para redução de jornada e salários ou suspensão de contrato, prevê que trabalhadores que fecharem os acordos tenham direito a menos parcelas de seguro-desemprego, caso sejam demitidos no futuro. Já a volta do auxílio emergencial à população foi aprovada pela Câmara dos Deputados na sexta-feira (12). O benefício deverá ser entre R$ 175 e R$ 375 durante quatro meses (março a junho).

Estoque – Na opinião do mestre em Economia e Finanças, Cleyton Izidoro, professor da Universidade Una, o estoque da indústria mineira chegou ao final. “Não há mais estoque e não há mais demanda. Por isso, muitas indústrias, de diversos setores, estão parando turnos, como é o caso da Fiat, por exemplo”.

Ele também concorda que se não houver novos incentivos governamentais à indústria, o setor vai entrar em um círculo vicioso que afetará outros setores econômicos.

“É preciso reduzir alguns impostos em todas as esferas, postergar pagamentos de alguns tributos, criar linhas de crédito para o industrial manter seus empregados, auxílio emergencial à população para elevar o nível de consumo. Dessa forma, as empresas terão como respirar pelo menos até existir um cenário de vacinação da maior parte da população”, ressaltou.

Izidoro acrescentou que, além da pandemia, o impacto da inflação e do câmbio no setor industrial é grande. “Muitas indústrias dependem de insumos importados, como a da panificação e a indústria médica, esta última, inclusive, com uma elevada demanda em função da pandemia”, ressaltou.

Apesar do cenário, Izidoro tem esperanças na recuperação econômica. “Sou otimista, vejo um cenário melhor até o final do ano. Vamos sair dessa e sair mais fortes. Mas é preciso, neste momento, que a indústria tenha apoio e muita criatividade”.

Plano – Mas, na avaliação do doutor em Economia e professor do Ibmec, Fernando Leroy, não há dinheiro nos cofres públicos para um pacote de crédito ao setor.

“O governo federal precisa fazer pra ontem um plano detalhado de reestruturação da indústria a médio e longo prazos, para demonstrar credibilidade ao investidor internacional, que é quem vai financiar a indústria brasileira. Mas o que vemos é um cenário ainda pior da pandemia e um governo completamente perdido, que não consegue nem mesmo se organizar para comprar vacina”.

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