Economia

Retomada de atividades pela Samarco anima fornecedores

Retomada de atividades pela Samarco anima fornecedores
Crédito: REUTERS/Ricardo Moraes

Nos primeiros oito meses de operação, depois de cinco de paralisação e mesmo trabalhando com apenas 26% de sua capacidade plena, a Samarco produziu 5,1 milhões de toneladas de minério de ferro, gerou 1.450 empregos diretos e abriu espaço para 1.450 fornecedores de insumos e serviços, o que representa aproximadamente mais 5.600 empregos indiretos nas empresas parceiras, a maioria de pequeno e médio porte. Nesta reportagem, uma análise de Luiz Gonzaga Lage Neto, diretor da Construtora Dinâmica,sobre os impactos da retomada de produção pela empresa e sua importância para Minas Gerais. Confira:

A Samarco retomou suas operações em dezembro de 2020. Mesmo sendo uma volta parcial, com apenas 26% de sua capacidade plena de produção, qual a importância dessa retomada para Mariana e toda a região?

É muito importante e decisivo o retorno das atividades da Samarco para que Mariana possa começar a voltar ao ritmo de produção de antes do rompimento da barragem do Fundão. Na verdade, é a garantia do emprego que começa a voltar, o aumento no movimento do comércio, a prefeitura voltando a arrecadar impostos em uma escala maior e podendo retomar ações que beneficiam a população em setores essenciais, como saúde, educação, segurança e muitos outros. Na verdade, ao voltar a funcionar, a Samarco põe a economia em movimento. São inúmeras empresas, principalmente, micro e pequenas, que também voltam a produzir, gerar emprego, renda e consumo. E é importante lembrarmos que os benefícios não param por aqui, já que o plano da empresa é continuar a crescer, até voltar a trabalhar à plena capacidade.

A Construtora Dinâmica foi fundada em 2012, com sede em Mariana. Pode avaliar as diferenças entre Mariana com a Samarco e sem ela?

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A existência de uma grande empresa, como a Samarco, em uma determinada região, é sinal de progresso, de circulação de renda e, via de consequência, da existência de consumidores com bom poder aquisitivo. Isso representa, para as empresas locais em geral, mais oportunidades de negócios. A própria Samarco é um cliente com grande relevância.

Como está o ambiente em Mariana após a retomada das operações da Samarco? O otimismo e a confiança voltaram?

Sim, exatamente. Mariana é uma cidade com a Samarco e outra, muito diferente, sem ela. Infelizmente, tivemos a oportunidade de ver isso nos cinco anos em que a empresa esteve paralisada em função do rompimento da barragem de Fundão. Para nós, que atuamos no setor produtivo, essa diferença é muito clara, pois os empregos diminuem, a renda deixa de circular, o consumidor é compelido a reduzir suas compras. Há um esfriamento geral da economia e isso afeta a todos, os empresários e a população como um todo. Com a retomada das atividades, o astral geral melhora e, com isso, melhoram o otimismo e a confiança das pessoas.

Qual a importância da Samarco para os municípios no entorno de Mariana no que se refere à geração de empregos, de renda e na atividade econômica, especialmente comércio e o setor de serviços?

Os resultados alcançados nos primeiros oito meses após a retomada das atividades mostram a grande importância da Samarco para sua região de atuação. Neste período, após a retomada da empresa, que ainda é muito curto, vemos o movimento da economia local e a melhora na confiança das pessoas. Mesmo operando com apenas 26% de sua capacidade total, a empresa tem gerado uma quantidade significativa de renda e emprego. E os planos da empresa são de crescimento até voltar a trabalhar à plena capacidade.

Do ponto de vista social, qual é a importância da Samarco e de empresas de um modo geral?

Está cada dia mais claro que empresas nascem e se desenvolvem para cumprir duas missões fundamentais: gerar lucro para seus acionistas e, também, para fazer do próprio crescimento e do lucro um poderoso instrumento de transformação e de inclusão social. Neste começo de século 21, a sociedade mineira, brasileira e mundial não aceitam menos que isso. Quem conhece a empresa, como nós, há mais de duas décadas, sabe muito bem qual é o jeito Samarco de ser e de trabalhar. A empresa foi pioneira no campo da responsabilidade social empresarial e gerou experiências que se replicaram no mundo corporativo, nos campos do voluntariado e do Meio Ambiente, por exemplo. E é esse mesmo compromisso que temos ouvido sistematicamente dos dirigentes da empresa neste momento de retomada. E é nisso que acreditamos.

Neste momento, a Samarco encontra-se em processo de recuperação judicial, o que naturalmente impacta fornecedores e credores. Como a Construtora Dinâmica vê a questão? E a sociedade? Fornecedores e credores podem confiar na empresa?

Vemos com absoluta tranquilidade. A história da Samarco, já com mais de quatro décadas, é a de uma empresa que sempre honrou seus compromissos, em todos os campos. Na verdade, com muita confiança, o que todos esperamos é que este processo transcorra com agilidade para que a empresa possa retomar 100% suas atividades. Como já afirmei, os resultados alcançados nestes primeiros meses de retomada já são bastante expressivos. Imaginem com 100% de sua produção, o impacto positivo na criação de empregos diretos e indiretos, geração de renda e recolhimento de tributos.

Nesse processo, qual é a expectativa da população e, principalmente, das vítimas do rompimento da barragem do Fundão?

A expectativa é a de que a empresa cumpra realmente todos os compromissos já assumidos com as vítimas do rompimento de Fundão, com o poder público, com o meio ambiente, com seus fornecedores e credores. O que se espera, como sempre ocorre em situações semelhantes, é que isso seja feito com um olhar social prioritário, de atender primeiro os que mais precisam – ou seja, as vítimas, familiares das vítimas e os fornecedores de porte menor, como micro e pequenas empresas.

Como você vê a relação entre a empresa e os seus fornecedores?

Essa é uma questão importante. Pelo que vemos, a empresa adota a política de dar oportunidades aos trabalhadores dos municípios da região e, também, às empresas, principalmente as de micro e pequenas. Hoje, pelos dados a que temos acesso, mesmo operando parcialmente, já são cerca de 1.500 fornecedores. Quando a empresa voltar a operar em sua capacidade plena, acredito que esses números vão se multiplicar por pelo menos cinco vezes.

A Construtora Dinâmica é fornecedora da Samarco em sua área de atuação na construção civil. Como é a relação e o que se espera daqui para a frente?

A empresa é fornecedora da Samarco na área de Construção Civil. Conosco, a empresa sempre foi justa e parceira. Nesse sentido é de grande importância para nós ter e manter a Samarco como cliente pelo potencial que ela tem de oportunidades futuras de negócios. Por essa razão, o que esperamos, daqui para frente, é que a Samarco consiga reestruturar sua dívida por meio de um processo ágil de recuperação judicial, e que possa retomar gradativamente suas operações, gerando emprego e renda na nossa cidade e na região como um todo.

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