Economia

Mais de 22 mil revendas de gás em Minas já podem aderir ao programa Gás do Povo

Iniciativa do governo federal garante botijão gratuito a famílias do CadÚnico
Mais de 22 mil revendas de gás em Minas já podem aderir ao programa Gás do Povo
Foto: Marcello Casal Jr. / ABr

As 22.470 revendas de gás liquefeito de petróleo (GLP) autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em Minas Gerais já estão aptas a aderir ao programa Gás do Povo. A adesão começa nesta quinta-feira (23) pela Caixa Econômica Federal. Em Belo Horizonte, são 1.246 revendas que poderão participar da iniciativa, que promete garantir a recarga gratuita do botijão de 13 kg para famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).

O programa é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), com o apoio da Caixa, responsável pela habilitação das empresas e pelos pagamentos.

A expectativa do governo é beneficiar mais de 15 milhões de famílias, o que representa cerca de 50 milhões de brasileiros. Em Minas, onde o preço de referência do botijão foi fixado em R$ 94,19, a expectativa é de forte adesão das revendas, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás).

Entusiasmo e dúvidas entre as revendas

Segundo o presidente do Sindigás, Sérgio Bandeira de Mello, o setor está entusiasmado e engajado com o novo programa, embora ainda haja dúvidas sobre os procedimentos operacionais, como a validação das recargas e o recebimento dos valores pela Caixa Econômica Federal.

“As revendas estão muito entusiasmadas, mas também ansiosas. São muitas informações novas, como identificar o beneficiário, como será o pagamento, qual o prazo de liquidação. São experiências que precisarão ser vividas, mas o clima é de colaboração e expectativa positiva”, afirma o presidente.

O empresário reforça que a adesão ao programa é voluntária, o que, na visão do sindicato, é positivo. “Somente irá aderir ao programa a revenda que desejar participar. Isso é muito bom, porque quando uma revenda adere, ela está engajada, entende que aquela venda faz parte de um programa social. É um novo nível de compreensão do papel do setor privado na melhoria da qualidade de vida das pessoas”, avalia.

Pagamentos rápidos e operação sem custo

De acordo com informações apresentadas pela Caixa Econômica Federal, as revendas participantes terão conta corrente gratuita na instituição e receberão os valores referentes às recargas em até dois dias úteis após a validação pelo sistema do banco, feita via aplicativo ou pela máquina “Azulzinha”.

O presidente do Sindigás destaca que essa liquidez rápida é essencial, já que a maioria das vendas de gás no país é feita à vista, em dinheiro ou Pix. “Como o gás é um produto básico da cesta das famílias, é muito importante que a revenda tenha um pagamento rápido, para manter o custo mais baixo possível”, pontua.

Botijões de gás
Foto: Marcello Casal Jr. / ABr

Potencial de crescimento nas vendas

O setor estima que o Gás do Povo possa gerar um aumento entre 7% e 8% nas vendas anuais de GLP em todo o País, podendo chegar a até 25% de incremento nas revendas que aderirem ao programa em regiões com grande número de beneficiários.

“O mercado brasileiro vende cerca de 400 milhões de cargas de gás por ano. Com o programa, o governo pretende entregar até 65 milhões de recargas gratuitas por ano, quando estiver em pleno funcionamento. Parte disso já é consumo existente, mas o incremento é significativo. A gente pode dizer que de 400 milhões de gás vendidos por ano, pode aumentar para 430 milhões”, explicou Mello.

Impacto social e transição energética justa

Para Sérgio Bandeira de Mello, o Gás do Povo representa um avanço importante no combate à chamada pobreza energética, especialmente em regiões onde famílias ainda dependem da lenha para cozinhar.

“O foco que a gente tem que dar ao programa é o combate à pobreza energética. Hoje, cerca de 23% da matriz energética residencial do Brasil ainda vem da lenha. E não é a lenha romantizada do fogão mineiro, mas a lenha usada por precariedade, em condições rudimentares”, destaca.

O dirigente lembra que programas anteriores, como o Vale Gás e o Auxílio Gás, tiveram resultados limitados porque transferiam o valor em dinheiro para as famílias, sem garantir que o benefício fosse de fato usado na compra do botijão.

“O diferencial agora é que o programa garante a destinação específica: a recarga é gratuita, feita na revenda credenciada. Isso dá mais efetividade à política pública”, destacou Mello.

“Esse programa não é apenas sobre vender gás. É sobre reduzir o consumo de lenha e combater a pobreza energética. É um passo concreto em direção a uma transição energética justa e inclusiva”, afirmou.

Segundo ele, os resultados sociais mais expressivos devem ser observados a médio prazo, com estudos do IBGE e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicando se o programa conseguiu diminuir o uso da lenha e ampliar o acesso ao GLP.

Como as revendas podem aderir

As revendas interessadas em participar do Gás do Povo devem acessar o portal da Caixa Econômica Federal e seguir o Manual Operacional do programa, aceitando o termo de adesão. A participação é voluntária e sem custo para as empresas.

O pagamento das recargas será feito com base no preço de referência definido por estado pela Portaria Interministerial MME/MF nº 2/2025. No caso de Minas Gerais, o preço de referência é de R$ 94,19 por botijão de 13 kg.

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