Revisão global de investimentos da Gerdau não afeta recursos em Minas, como aconteceu com o México

A Gerdau desistiu de investir US$ 600 milhões na construção de uma nova usina de aços especiais no México, que seria dedicada, em grande parte, ao mercado automotivo dos Estados Unidos (EUA), conforme informou o diretor-presidente (CEO) da empresa, Gustavo Werneck, nesta terça-feira (29). O cancelamento faz parte de uma revisão global dos investimentos que, no entanto, não impactará os recursos específicos para Minas Gerais.
O CEO da Gerdau garantiu que os planos para o Estado estão muito bem definidos e não terão alterações. “Minas Gerais é um estado muito relevante para a Gerdau e vai continuar sendo. Então, seguimos sem alterações em relação ao que já anunciamos e o que planejamos fazer nos próximos anos”, afirmou, citando como exemplo a ampliação da recém-inaugurada usina de Ouro Branco, na região Central de Minas.
O cancelamento do projeto mexicano previsto para 2026 também não impactará os investimentos da siderúrgica neste ano. “Os desembolsos anunciados para 2025 serão desembolsados e não serão cancelados”, reforçou o executivo durante a apresentação dos resultados trimestrais da empresa.
Entretanto, o plano da Gerdau de investir cerca de R$ 6 bilhões anuais em infraestrutura – como novas fábricas e adaptações de parques existentes – em todo o mundo nos próximos anos, está sendo revisto.
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Redução de recursos é reflexo de políticas protecionistas dos EUA
O debate sobre a redução dos recursos e a decisão por cancelar a construção da usina no México é uma demonstração clara da preocupação da Gerdau com as políticas protecionistas iniciadas pelos EUA, que podem impactar toda a cadeia global automotiva, dificultando, inclusive, a exportação do aço produzido no México para os Estados Unidos.
“Nós acreditamos que, em função desse momento atual de debate comercial e de tarifas, haverá uma transformação profunda no segmento automotivo. Essas cadeias que estavam bem posicionadas ao longo do tempo, serão reconfiguradas, e ainda é muito cedo para entendermos como isso vai ficar”, afirmou Werneck.
Segundo o CEO da Gerdau, a decisão da companhia passa pela incerteza de como se reconfigurará essa nova cadeia global no período pós-tarifas, uma vez que as medidas protecionistas sobre o aço já vinham sendo debatidas antes do debate do “tarifaço” do presidente dos Estados Unidos.
“Não tem nada a ver com a administração específica do Trump, nem com a anterior ou atual presidente do México. O debate intenso de tarifas globais vai trazer mudanças estruturais no mercado, sobretudo o automotivo, que impactarão diretamente os negócios de produção de aços especiais no México”, disse.
Werneck afirma que a companhia está optando por focar os investimentos na ampliação da competitividade das usinas já existentes e na redução de custos. E garante, ainda, que a saúde financeira da empresa está preparada para conviver com instabilidades, e que a decisão é estratégica e administrativa.
Gerdau cobra defesa comercial do Brasil
Outro fator que interfere no volume de investimento a ser aprovado para os próximos anos pela empresa é o cenário brasileiro. A Gerdau aguarda decisões do governo federal e ações mais efetivas quanto aos mecanismos de defesa comercial contra as importações de aço no País.
“Está vencendo, no final de maio, o primeiro ano de implantação do mecanismo de cota-tarifa, que foi totalmente ineficaz. A gente olha os números de importações de aço no Brasil e percebe que, ao invés de regredirem, elas cresceram”, pontuou Werneck.
Dessa forma, a empresa demanda do governo federal mais atitude no quesito defesa comercial para que se crie condições isonômicas para combater o que o CEO da Gerdau chamou de “competição desleal”.
“Obviamente, uma redução mais ou menos significativa da nossa aprovação futura de novos investimentos vai passar pelo que vai acontecer ao longo do mês de maio”, afirmou.
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