Ricardo Amorim vê responsabilidade fiscal como crucial para avanço social do Brasil

O cumprimento das propostas de campanha do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), passa pela responsabilidade fiscal. É o que destaca o maior influenciador brasileiro no LinkedIn e o economista mais influente do Brasil de acordo com a Forbes, Ricardo Amorim. Ele foi um dos palestrantes do Imersão Indústria, evento promovido nesta terça-feira pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Segundo ele, a consequência de um possível “chute” na responsabilidade fiscal para a alocação de mais recursos para os gastos sociais, por exemplo, será ter mais dinheiro agora e menos no futuro. “A gente não pode fazer algo que vai melhorar a situação agora, no curto prazo, às custas de passar por dificuldades enormes depois”, salienta. Para Amorim, a responsabilidade fiscal não é o que atrapalha, mas sim a condição para que o País possa agregar valor tanto do ponto de vista social quanto econômico, com mais geração de empregos e riqueza.
Conforme o economista, o governo precisa estabelecer prioridades e não pode gastar muito mais do que está previsto no Orçamento sem abrir mão de outras despesas. Caso não faça isso, acabará “ultra endividado”.
O influenciador ainda criticou o gasto público com os salários do funcionalismo na comparação com um colaborador em cargo semelhante na iniciativa privada, sendo o volume aplicado no primeiro acima do mercado. Para Amorim, “é daí que sai o dinheiro”.
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As falas de Amorim se dão no contexto do polêmico furo do teto de gastos proposto pela equipe de transição de Lula na PEC da Transição. As despesas previstas pela emenda, que tem o intuito de viabilizar recursos para a manutenção do Auxílio Brasil e outros gastos sociais, como o aumento do salário mínimo acima da inflação, demandam cerca de R$ 198 bilhões fora do orçamento e sem prazo definido para utilização. Em negociação no Congresso, a PEC do Estouro, como ficou conhecida, deve ter o texto apresentado ainda nesta semana, com probabilidade de mudanças nas cifras.
País cheio de oportunidades
Amorim também comentou sobre as oportunidades que o País pode ter pela frente. “São muitas. Primeiro é o Brasil se posicionar como líder em duas coisas que estão ligadas à economia do futuro: a primeira é a economia limpa – a energia eólica, a energia solar, que são duas áreas que o Brasil já vem ocupando uma posição muito importante, mas tem tudo pra ser líder global. E a segunda está associada à questão ambiental, da forma mais ampla possível, que passa pela floresta, por energia limpa e por crédito de carbono”, diz.
Segundo ele, o País tem um ativo ligado à posição ambiental que precisa ser visto como uma vantagem, o que nos últimos anos não aconteceu. O economista lembra que o Brasil passou a ser visto como um vilão ambiental e ressalta que não é realidade. Também afirma que o potencial ambiental brasileiro não está sendo todo explorado.
Ainda conforme Amorim, o melhor relacionamento do petista com parceiros internacionais pode favorecer a economia brasileira. “Acho que uma das grandes potencialidades que o Lula traz é exatamente fortalecer e melhorar as relações externas brasileiras que ficaram muito difíceis nos últimos quatro anos. De uma forma geral, o governo Bolsonaro trouxe na parte de política externa muito mais brigas do que aliados e parceiros, e o Lula, pelo menos na largada, sai com uma boa vontade geral, e ele precisa transformar isso de fato em acordos benéficos para o Brasil”.
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