Elevado risco fiscal sustenta desconfiança da indústria mineira

Diante do elevado risco fiscal no País, os empresários da indústria em Minas Gerais apresentaram desconfiança com a economia pelo sexto mês consecutivo. Em maio, o Índice de Confiança do Empresário Industrial de Minas Gerais (Icei-MG), divulgado pela Fiemg, registrou 47,8 pontos – abaixo dos 50 pontos, limite entre a confiança e a insegurança.
Em relação a maio de 2024 (50,4 pontos), o indicador também recuou, marcando o menor nível para o mês em cinco anos. Considerando o patamar histórico, de 52,7 pontos, o indicador se posicionou 4,7 pontos abaixo da média.
Apesar disso, o desempenho observado no mês mostrou-se acima do patamar de abril, quando registrou 45,9 pontos. Embora tenha apresentado uma leve melhora, o atual cenário é reflexo de um ambiente econômico cauteloso, com expectativa de incertezas futuras.
A economista da Fiemg Daniela Muniz destaca que, apesar dos dados mostrarem uma atividade mais positiva do que se acreditava, ainda é esperada uma desaceleração ao longo do ano pela piora das condições financeiras. “A desaceleração é vista como certa. Já a intensidade vai depender das medidas de contenção do governo federal”.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
O componente de condições atuais, um dos subíndices avaliados, avançou 4,1 pontos em maio frente a abril, saindo de 39,4 pontos para 43,5 pontos. O resultado, segundo a pesquisa, evidencia avaliação menos negativa da indústria em Minas Gerais sobre a economia nacional e estadual, e sobre os próprios negócios. Na comparação com maio do ano passado, quando somou 45,8 pontos, o indicador diminuiu 2,3 pontos, atingindo o menor nível para o mês em cinco anos.
Expectativas futuras apontam para neutralidade do empresariado
Já o subíndice que considera as expectativas para os próximos seis meses voltou a alcançar o patamar de 50 pontos em maio, um avanço de 0,8 ponto na comparação com abril. O resultado, segundo a economista, aponta para uma neutralidade dos industriais com relação às perspectivas para os próximos seis meses. Frente a maio de 2024, o índice decresceu 2,7 pontos – o menor para o mês em cinco anos.
O decréscimo na comparação com o ano anterior reflete uma posição de desconfiança geral, mesmo diante de ações do governo para estimular a economia. Apesar disso, Daniela Muniz avalia que iniciativas como a liberação do saque-aniversário e o consignado CLT, que apresentaram alta procura, contribuíram para atenuar o cenário de desaceleração.
Ainda assim, a inflação acima da meta estipulada estaria prejudicando o orçamento das famílias, somado ao contexto de constantes elevações na taxa de juros. “Os juros continuam elevados. Talvez Banco Central pare de elevá-los neste ano, mas já estão em patamar contracionista, dificultando acesso ao crédito e prejudicando empresas e consumidores”, explica.
Incertezas quanto a políticas comerciais globais também devem afetar o mercado de forma mais expressiva ao longo do ano. “Esse período turbulento gera cautela no mercado e em um primeiro momento é esperada uma desaceleração também a nível global, o que pode impactar o Brasil. Em geral, esse cenário macro-econômico é bem complexo e a expectativa é que a economia tenha um desempenho mais fraco nesse ano e de maior cautela por parte dos empresários”, finaliza.
Ouça a rádio de Minas