Economia

RMBH registra deflação em maio puxada pela gasolina

RMBH registra deflação em maio puxada pela gasolina
Crédito: Divulgação

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma retração de 0,60% em maio na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O resultado foi o menor entre as 16 áreas de abrangência da pesquisa, sendo que todas elas registraram recuo no último mês. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme destaca o coordenador da pesquisa em Minas Gerais, Venâncio da Mata, o grupo transportes foi o que apresentou o maior recuo percentual, chegando a retrair 2,86%. O resultado impactou o índice em -0,55 pontos percentuais (p.p.).

O maior impacto negativo individual no índice (-0,34 p.p.) ficou por conta da gasolina (-6,61%). O etanol e o óleo diesel também apresentaram queda, de 8,74% e 7,40%, impactando o índice, respectivamente, em -0,05p.p. e -0,02p.p..

Ainda em relação ao grupo transportes, as passagens áreas apresentaram uma retração de 28,14%, com impacto de -0,14 p.p.. Já os seguros veiculares recuaram 3,22%.

“Contudo, o que mais contribuiu para a queda do IPCA em maio foi mesmo a gasolina. Nos últimos dois meses, o produto tem apresentado redução de preços por causa da queda do valor do barril de petróleo e pelas medidas de isolamento social. Como é muito consumida (gasolina), tem um peso muito grande no índice”, salienta Venâncio da Mata.

Outra variação negativa ficou por conta do grupo habitação (-0,41%). Um dos fatores que contribuíram para isso foi a queda dos preços da energia elétrica residencial (-1,24%), com impacto de -0,06 p.p.. A diminuição dos valores é explicada pelas reduções do PIS/Cofins. O gás de botijão também apresentou recuo, de 1,98%.

Os grupos vestuário, despesas pessoais e educação também apresentaram queda de, respectivamente, 0,56%, 0,33% e 0,01%.

Avanço – Por outro lado, outros grupos tiveram alta no mês de maio na RMBH. Um exemplo são os artigos de residência (0,5%). A elevação foi motivada pelos aparelhos eletroeletrônicos, que avançaram 2,87% e apresentaram um impacto de 0,04 p.p..

“O avanço nos preços dos aparelhos eletroeletrônicos se deve, sobretudo, ao aumento do dólar. Para fazê-los, muitas vezes, são utilizadas matérias-primas importadas”, destaca o coordenador da pesquisa em Minas Gerais.

Apesar de também ter apresentado um leve aumento, o grupo alimentação e bebidas (0,02%) desacelerou em comparação ao mês de abril (1,46%). As maiores influências vieram dos recuos da cenoura (-15,13%), das frutas (-9,72%), do tomate (-7,90%), do ovo de galinha (-7,52%), do leite longa vida (-6,39%), da cerveja (-4,34%) e das carnes (-0,77%).

Porém, outros alimentos apresentaram crescimento, como a cebola (40,60%), a batata-inglesa (34,80%), o feijão-carioca (8,66%), a linguiça (5,53%), o café moído (4,51%), o frango em pedaços (4,38%) e o arroz (3,90%).

Outros grupos de abrangência da pesquisa também tiveram alta: saúde e cuidados pessoais (0,36%) e comunicação (0,04%).

Cenário – Venâncio da Mata destaca que, quando se está em uma crise, como o País se encontra atualmente devido à pandemia do novo coronavírus, é realmente esperado que muitos preços fiquem estáveis ou caiam, uma vez que as pessoas consomem menos.

No entanto, diz ele, existem outras variáveis que podem fazer com que os preços avancem, como o aumento do dólar. Muitas vezes, destaca, mesmo não havendo consumo, os comerciantes são obrigados a aumentar os valores dos produtos por causa do crescimento dos custos.

Queda no País é a maior em 22 anos

São Paulo/Rio de Janeiro – Os preços de combustíveis voltaram a cair e a alta dos alimentos desacelerou, levando a deflação a ganhar força no Brasil em maio e chegar ao patamar mais baixo em 22 anos, em meio às consequências da pandemia de coronavírus.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou em maio queda de 0,38% depois de ter caído 0,31% em abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Maio marcou o segundo mês seguido de deflação e esse é o resultado mensal mais fraco para o índice desde agosto de 1998, quando os preços caíram 0,51%. “Três grupos merecem destaque em maio: transportes caíram menos devido a menor queda da gasolina, houve desaceleração nos alimentos e os artigos de residência saíram do negativo para o positivo”, destacou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Com isso, em 12 meses, a inflação acumulada foi ainda mais abaixo do piso da meta oficial, chegando a 1,88% em maio, de 2,40% no mês anterior. O objetivo de inflação para este ano é de 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Em maio, a maior pressão veio da queda de 4,56% nos preços dos combustíveis, levando o grupo Transportes a cair 1,9%, embora tenha marcado um recuo menor do que o de 2,66% visto em abril.

A gasolina retraiu 4,35%, menos do que a queda de 9,31% em abril. O custo do etanol recuou 5,96% e do óleo diesel teve queda de 6,44%. Já as passagens aéreas recuaram 27,14%.

Entretanto, o cenário para os custos dos combustíveis deve mudar em junho, possivelmente contribuindo para uma aceleração do IPCA.

Dos nove grupos pesquisados, cinco tiveram deflação em maio, com quedas ainda nos preços Habitação (-0,25%), Vestuário (-0,58%), Saúde e Cuidados Pessoais (-0,10%) e Despesas Pessoais (-0,04%). (Reuters)

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