RS: empresas de Minas Gerais devem perder até R$ 1,1 bilhão em faturamento

Com o objetivo de avaliar ações viáveis para ajudar empresários mineiros que devem ser afetados em função da catástrofe do Rio Grande do Sul (RS), o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), a partir de dados da Secretaria de Estado da Fazenda e da Fundação João Pinheiro, realizou um estudo para avaliar os impactos da tragédia na economia mineira. A conclusão é que a redução do faturamento das empresas mineiras que mantêm negócios com o estado gaúcho possa alcançar R$ 1,1 bilhão neste ano.

De acordo com o estudo “Impactos Econômico Potenciais”, os setores mineiros que  sofrerão as maiores consequências no faturamento são o comércio por atacado e varejo, o de produção de ferro e siderurgia e o abate de carne, pesca e laticínio. 

O economista-chefe do BDMG, Izak Carlos da Silva, avalia que dois vetores impactam diretamente o atacado e o varejo: a redução de faturamento das empresas e a redução da renda. “Com a possível redução da oferta de produtos gaúchos, as empresas mineiras que os vendiam, passam a vender menos, e, consequentemente, faturar menos. É o caso do vinho e dos sucos de uva”, exemplifica. Porém, a redução de vendas no Estado está estimada em 7,3% no atacado e varejo, o que na avaliação do especialista não é um volume muito grande. 

Já na questão da renda, de acordo com a análise, é possível que haja um impacto de cerca de R$ 200 milhões na renda das famílias mineiras em função da situação no mercado de trabalho. “Uma empresa que tem planta produtiva aqui e no Rio Grande do Sul pode ser afetada por um menor volume de faturamento e, por consequência, ter que suspender algum contrato de trabalho, colocar trabalhadores em férias e afetar o rendimento das famílias de um modo geral”, comenta.

BDMG garante apoio aos empresários

Ainda de acordo com a análise do cenário econômico, os impactos devem atingir o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. A estimativa é que haja retração de 0,1% ao final de 2024. 

De acordo com o economista do BDMG, o levantamento verifica os impactos econômicos da tragédia, de forma a avaliar possibilidades de apoio ao RS e também aos empresários mineiros indiretamente atingidos.

“O BDMG como um todo já oferece bastante linhas de crédito e apoio aos empresários mineiros. Temos linhas de crédito com taxas reduzidas se comparadas ao mercado, o que nos faz ser bastante competitivos, especialmente para micro e pequenas empresas”, considera.

Negociações entre os estados

A balança comercial entre os dois estados, em 2022, mostra que Minas Gerais comprou R$ 1,91 bilhão a mais do que exportou para os gaúchos. Entre todos os estados, o Rio Grande do Sul ocupa a sétima colocação no ranking de parceiros comerciais dos mineiros.

Ainda de acordo com o estudo do BDMG, entre os produtos que Minas Gerais mais compra dos gaúchos, o maior impacto tende a ser em automóveis e tratores, que correspondem a 31,8% do volume de importados do Rio Grande do Sul. Outro setor afetado deverá ser o da agricultura, que representa 9,7% de tudo que Minas Gerais compra do Rio Grande do Sul.

Do outro lado, analisando o que Minas vende para os gaúchos, produtos como ferro, ferro fundido e aço podem sofrer maior reflexo, já que lideram as vendas para o RS, com 16,7% do total. Em seguida, aparecem automóveis e tratores, com 12,7%.

“Os impactos que a gente observa em Minas Gerais são decorrentes de encadeamentos produtivos de um modo geral. A interdependência produtiva com todos os estados do Brasil permitirá a observação de impactos em todos os setores da atividade econômica”, avalia. Na avaliação dele, quanto mais o setor for dependente da região seja para compra ou venda de produtos, mais impacto sofrerá.