SAE Towers aposta nos leilões da Aneel para expandir por meio de aquisições

A SAE Towers, do ramo de torres de transmissão de energia com fábrica em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), deposita uma perspectiva otimista nos próximos leilões de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A expectativa é que os certames sejam uma espécie de “fiel da balança” para a expansão do seu parque fabril, que pode contar com uma estratégia de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês).
A empresa foi adquirida pelo conglomerado indiano KEC International em 2010 e conta com operações no Brasil, México e Estados Unidos. Nestes 15 anos como parte do grupo, a SAE Towers foi além da produção de torres e acessórios de transmissão energética e passou a oferecer serviços de engenharia, vendas e construção de linhas de transmissão e subestações, sendo agora a maior produtora de torres treliçadas das Américas.
A KEC International está presente em mais de 100 países e é uma líder global em transmissão e distribuição de energia. Para além do setor, o grupo indiano também atua com ferrovias, telecomunicações, infraestrutura civil, cabos e energias renováveis. A KEC compõe ainda o RPG Group, um dos maiores grupos industriais da Índia, que atua em segmentos como pneus, infraestrutura, tecnologia da informação, ciências farmacêuticas, energia, entre outros.
O CEO da SAE Towers e Diretor Executivo (África e CEI) da KEC International, o indiano Rakesh Gaur, está há quatro anos no comando da planta de Betim. Ele revela que a empresa investe cerca de R$ 10 milhões a R$ 15 milhões por ano em máquinas, tecnologia e contratação de funcionários – a SAE implantou um terceiro turno – tendo em vista que, nos últimos anos, a empresa cresce de 10% a 15% e a produção total aumentou entre 20% a 25%.
A produção de torres de transmissão da fábrica na RMBH crescerá 12% neste ano, enquanto o volume de ferragens produzido para o setor de energia aumentará 20% em 2025. A perspectiva para o próximo biênio é manter estes patamares de produção, o que deve fazer a SAE Towers quase dobrar a capacidade produtiva em um período menor que cinco anos.
Como a unidade betinense tem um espaço físico limitado para expansão frente ao crescimento produtivo da empresa, ressalta Gaur, a SAE Towers deverá optar por adquirir uma unidade fabril de uma concorrente menor ou de uma empresa do ramo, mas que ofereça um produto complementar ao core business da SAE.
“Basicamente tudo depende dos leilões de 2025 e 2026”, declara o CEO indiano. “Nós atendemos 30% do mercado brasileiro de torres e entre 45% a 50% de ferragens também é nosso. Nós somos o principal player no mercado com relação a esses produtos. Então temos uma boa perspectiva nos leilões”, completa.
Após leilões da Aneel, eleições vão ditar mercado de energia
Gaur explica que, a participação da SAE Towers na KEC International, que, por seu turno, faz parte do RPG Group, garante para a empresa recursos e suporte que uma companhia menor não encontra no mercado. O CEO apontou, juntamente com a volatilidade cambial, o alto custo financeiro para levantar capital no Brasil como um dos grandes desafios para o setor encontrados por ele quando chegou ao País.
“Nós temos seis ou sete players e dois são muito grandes. Ambos têm fundos, recursos, apoio de grandes companhias, e os outros players são pequenos. Eles podem sobreviver ou não”, analisa.
Em uma realidade com uma taxa básica de juros (Selic) de 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006, o CEO da SAE Towers projeta que, passados os leilões de transmissão da Aneel neste ano e no próximo ano, as eleições gerais de 2026 é que vão ditar os rumos dos investimentos tanto da empresa como do setor como um todo.
A grande questão, destaca Gaur, será se a postura do governo brasileiro será mais ou menos condescendente com a entrada das importações chinesas, com produtos que considera como concorrência desleal, ou dará mais suporte para o parque industrial nacional.
“Nós não temos certeza como o mercado vai se comportar em 2027, 2028, porque a geopolítica vai dizer o que vai acontecer. Se a proximidade do Brasil vai para a China ou Estados Unidos, depois das eleições de 2026, que tipo de política virá é que vai decidir o mercado”, avalia Gaur.
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