Economia

Salário em Minas Gerais sobe, mas permanece abaixo da média nacional

Salário de Minas Gerais é menor do que o ofertado em outros Estados, como Rio de Janeiro e São Paulo
Salário em Minas Gerais sobe, mas permanece abaixo da média nacional
Foto: Reprodução Adobe Stock

O salário médio dos trabalhadores assalariados de empresas e organizações em Minas Gerais fechou 2023 em R$ 3.188,50, segundo dados do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE), divulgados nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor representa alta em relação à média estadual de 2022, que foi de R$ 2.990,15, mas segue inferior à média nacional, de R$ 3.745,45.

O levantamento mostra que Minas mantinha, em 2022, 964.583 empresas e outras organizações formais ativas, o equivalente a 9,6% do total do País. Segundo o estudo, o Estado permanece na segunda posição nacional em número de empresas, atrás de São Paulo, que concentra 33% do total. Em 2023, o contingente de pessoas ocupadas nessas organizações chegou a 6,51 milhões, alta de 4,1% frente ao ano anterior. Desses, 5,19 milhões eram assalariados.

A pesquisa indica ainda que 53% do pessoal ocupado assalariado em Minas eram homens. A remuneração média masculina, de R$ 3.383,18, era 13,9% superior à feminina, que era R$ 2.969,20. O estudo também evidencia que empregados com nível superior, 21,8% do total no Estado, recebiam, em média, 2,6 vezes mais que trabalhadores sem diploma universitário.

Outro ponto demonstrado foi que o setor de eletricidade e gás registrava os maiores salários, tanto em Minas (R$ 9.770,64) quanto no País (R$ 8.680,85).

Estrutura produtiva explica diferença salarial

Para o economista e professor dos cursos de gestão em relações internacionais do UniBH e da UNA, Fernando Sette Júnior, a distância entre o salário médio mineiro e o nacional reflete a composição econômica do Estado.

“O salário médio mineiro ser menor do que a média nacional resulta principalmente da estrutura produtiva do Estado, mais concentrada em setores tradicionais, como comércio, agropecuária, serviços de baixa complexidade e parte da indústria de transformação, que pagam menos do que setores intensivos em tecnologia, finanças ou atividades altamente especializadas, mais presentes em estados como São Paulo e Rio de Janeiro”, observa.

Ele explica ainda que o custo de vida mais baixo em grande parte das cidades influencia o nível de remuneração ofertado. “As empresas ajustam salários de acordo com a realidade local de gastos, mantendo níveis menores que os de grandes centros metropolitanos. Além disso, boa parte da população ocupada está em cidades médias ou pequenas, onde os salários tendem a ser menores”, afirma.

Participação no emprego é maior que na massa salarial

O IBGE aponta que, embora Minas Gerais responda por 9,9% das pessoas ocupadas em empresas no País, o Estado detém apenas 8,9% da massa salarial nacional. Sette Júnior avalia que os dados reforçam o caráter menos especializado da economia mineira.

Segundo o professor, a discrepância entre a participação de Minas no pessoal ocupado e na massa salarial revela que o Estado emprega muito, mas paga relativamente pouco. “Estados como São Paulo e Rio de Janeiro concentram serviços avançados, finanças, tecnologia, petróleo e gás, indústrias de ponta e sedes corporativas, que ampliam significativamente sua massa salarial, mesmo com participação proporcional menor na quantidade total de trabalhadores”.

Ele afirma que os resultados apontam um desafio estrutural. “Essa diferença mostra que há uma assimetria regional de produtividade e complexidade econômica. Minas tem grande volume de empregos, mas ainda menor densidade de postos altamente remunerados. O desafio não é apenas aumentar o emprego, mas elevar o nível de qualificação e sofisticação produtiva para capturar salários mais altos”, conclui.

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