Saldo da balança comercial de Minas registra queda de 13,6%

Minas Gerais encerrou o primeiro bimestre de 2022 com um saldo de US$ 2,59 bilhões na balança comercial. O valor registrado entre janeiro e fevereiro caiu 13,6%, uma vez que em igual intervalo do ano passado o saldo estava em US$ 3 bilhões. Ao todo, as exportações movimentaram US$ 4,7 bilhões, superando em 3% o valor registrado em igual intervalo de 2021.
Entre os produtos exportados pelo Estado, o destaque em receita foi o café, com alta de 77,2% e faturamento de US$ 1,21 bilhão. Já o faturamento dos embarques de minério de ferro ficou 46,2% menor e movimentou US$ 1,19 bilhão. Com o conflito entre Rússia e Ucrânia, o resultado negativo do minério de ferro tem chances de ser revertido, com aumento da demanda pelo produto brasileiro e valorização dos preços.
Conforme os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, no primeiro bimestre, as importações feitas por Minas Gerais foram responsáveis pela movimentação de US$ 2,1 bilhões, valor que superou em 32% o registrado entre janeiro e fevereiro de 2021.
A corrente comercial, que é a soma das exportações e importações, avançou entre janeiro e fevereiro. No período, o cálculo chegou a US$ 6,9 bilhões, elevação de 10,6% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior.
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Somente em fevereiro, os embarques feitos por Minas Gerais somaram US$ 2,4 bilhões, aumento de 4,4% ou US$ 101 milhões a mais que o observado em fevereiro do ano anterior. Quanto às importações, o valor movimentado ficou em US$ 1,04 bilhão, superando em 24% o resultado de igual mês do ano passado.
Entre os principais parceiros, a China continuou como o maior. No primeiro bimestre, as exportações para o país asiático somaram US$ 1,21 bilhão. O valor ficou 29,3% menor, com variação absoluta de menos US$ 500 milhões. Apesar da queda, a participação da China ficou em 25,3%.
Em segundo lugar, ficaram os Estados Unidos, com um faturamento gerado com os embarques de US$ 557 milhões, alta de 71,7%. O país respondeu por 12%. A comercialização com a Alemanha movimentou US$ 291 milhões, valor 26% maior e participação de 6,1%.
Guerra na Ucrânia
Com o conflito entre Rússia e Ucrânia, as exportações de Minas Gerais devem ser impactadas. De acordo com o mestre em economia internacional e professor de logística internacional do Ibmec, Frederico Martini, dependendo dos rumos do conflito, a demanda por minério de ferro deve ser estimulada. Também é esperado aumento dos preços, tanto pela maior demanda do produto minério quanto pela alta nos preços do petróleo.
“Há uma chance de aumento das exportações brasileiras de minério de ferro e derivados pela indústria siderúrgica para Europa e outros países. Isso devido à Rússia e Ucrânia serem exportadoras de minério e afins. Como está havendo sanções e não tem navios saindo e chegando por causa do conflito, alguns países estão buscando novos fornecedores. A China é superdependente do minério e dos produtos correlatos da mineração da Rússia. É bem provável que a China vá buscar uma compensação dos produtos na Austrália, que é mais próxima. Já a Europa deve buscar no Brasil, em Minas Gerais, que é grande produtor”, explica.
Ainda segundo Martini, em função das sanções, também existe a chance de os Estados Unidos comprarem mais do Brasil. Representantes brasileiros da indústria siderúrgica já estão se organizando para negociar com os EUA a revisão das cotas que limitam a entrada do aço nacional no mercado americano ou até mesmo a suspensão da medida adotada durante o governo de Donald Trump.
Outro impacto que o conflito entre Rússia e Ucrânia pode provocar é a elevação dos preços em geral, em função da valorização do barril de petróleo. A tendência é que, no caso do minério, ocorram aumentos ligados à alta dos combustíveis e também da demanda.
Já as commodities agrícolas, incluindo café, carnes, grãos, entre outros, podem ter os custos e preços alavancados pelo encarecimento do transporte.
“A crise entre os países está impulsionando os preços do barril de petróleo. A logística de aviação e marítima terão aumento, que será repassado para os produtos e mercado final. Os produtos como café, soja, carnes vão continuar sendo exportados, mas eles também vão sofrer com os preços da logística. O que já está com preço elevado, como o café, vai aumentar ainda mais porque os combustíveis estão aumentando assustadoramente no mundo”, explicou Martini.
Café é destaque na pauta exportadora estadual
Entre os produtos que compõem a pauta exportadora de Minas Gerais, entre janeiro e fevereiro de 2022, o destaque foi o café, cujo embarque somou US$ 1,21 bilhão, valor que superou em 77,2% o registrado em igual intervalo de 2021.
As exportações de minério de ferro movimentaram US$ 1,19 bilhão no primeiro bimestre, queda de 46% ou de US$ 1,02 bilhão. A redução se deve à política adotada pela China desde o ano passado, que intensificou o controle de preços e também reduziu a demanda pelo produto.
No mesmo período, os embarques de ferro-gusa, spiegel, ferro-esponja, grânulos e pó de ferro ou aço e ferro-ligas foram responsáveis pela movimentação de US$ 567 milhões em exportações, valor que superou em 45,7% o montante registrado no mesmo intervalo de 2021.
Os embarques de ouro, não monetário (excluindo minérios de ouro e seus concentrados), chegaram a movimentar US$ 238 milhões, queda de 19% e participação de 5% na pauta exportadora de Minas.
A exportação de soja subiu 856%, somando US$ 128 milhões entre janeiro e fevereiro e respondendo por 2,7% das exportações mineiras.
Entre as importações, a maior parte foi de adubos e fertilizantes químicos (exceto fertilizantes brutos). Nos primeiros dois meses do ano, as compras de Minas totalizaram US$ 223 milhões, aumento de 76,4% frente ao mesmo período do ano passado. Os adubos e fertilizantes responderam por 10% do total importado pelo Estado.
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