Samarco espera sair da recuperação judicial em até dois meses e aumentar uso da capacidade só em 2028

A mineradora Samarco, uma joint venture da Vale e BHP Billiton, espera sair oficialmente da recuperação judicial (RJ) em até dois meses, quando acabará o prazo de supervisão judicial do plano de recuperação após sua homologação, que ocorreu em agosto de 2023.
Em entrevista ao Diário do Comércio no Complexo de Germano, em Mariana, na região Central do Estado, durante apresentação do balanço de seis meses da homologação do Acordo de Mariana, o CFO e diretor interino da reparação da Samarco, Gustavo Selayzim, afirma que a empresa conseguiu cumprir todas as obrigações do plano logo no início do ano passado e por isso solicitou a saída da RJ ainda em 2024. “A nossa expectativa é que nos próximos dois meses a gente tenha essa saída formal”, previu.
A mineradora pediu o encerramento antecipado da RJ em novembro do ano passado, para ser dispensada da supervisão do Poder Judiciário e dos administradores judiciais. O plano de recuperação judicial da companhia englobou dívidas da ordem de R$ 50 bilhões.
A recuperação judicial da mineradora foi necessária depois que a Samarco ficou com as operações paralisadas por cinco anos, em virtude do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, de sua propriedade, em novembro de 2015, que provocou a morte de 19 pessoas, destruiu comunidades e contaminou toda a bacia do Rio Doce, no que foi um desastre ambiental sem precedentes na história do Brasil.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Selayzim explicou que a Samarco pagou os credores do plano e conseguiu renegociar em outros termos a parte que ainda não foi paga, relativa à dívida com os credores financeiros – o maior montante do passivo da recuperação judicial. “Hoje a gente pode afirmar que está 100% cumprido aquilo que foi prometido e acordado na recuperação judicial”, disse.
Além disso, o CFO da Samarco avaliou que as oscilações para baixo do preço do minério de ferro não ameaçam o cumprimento das obrigações da empresa tanto no seu plano de recuperação judicial, quanto no Acordo de Mariana.
“A volatilidade faz parte do jogo em commodities, então isso são coisas que a gente consegue absorver. A renegociação da dívida não é de fato um problema quando a empresa, operacionalmente, é uma empresa saudável e a Samarco sempre foi”, afirmou Selayzim. “Hoje temos um Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de quase US$ 1 bilhão, mesmo com os preços em queda. Então isso não vai ser um problema, a Samarco vai saber lidar com isso”, ressaltou.
Samarco aumentará uso da capacidade instalada somente em 2028
A empresa não aumentará a produção de pelotas e finos de minério de ferro até 2028, ano em que pretende alcançar um volume que volte a utilizar 100% da sua capacidade instalada.
Atualmente, a Samarco consegue utilizar 60% de sua capacidade instalada desde o final do ano passado, quando a mineradora implementou mais uma planta de filtragem e reativou o concentrador 2, no Complexo de Germano, além de reativar a usina de pelotização 3, no Complexo de Ubu, no Espírito Santo.
O gerente-geral de Operação Germano da Samarco, Rodrigo Pasquali, explicou que, após o crescimento da utilização da capacidade da mineradora nos últimos anos, com a retomada da operação em 2020, este patamar de uso da capacidade instalada se manterá o mesmo até 2028.
A partir de 2028, quando está prevista a finalização da etapa da retomada operacional chamada de “Momento 3”, com a reativação da Usina de Beneficiamento 1 e a instalação do Sistema de Filtragem 3, no Complexo de Germano, e a reativação das Usinas de Pelotização 1 e 2, em Ubu, além de investimentos em mais uma estrutura de disposição de estéril e rejeitos, o uso da capacidade instalada da Samarco na produção mineral crescerá progressivamente ao longo do ano, até alcançar o total da capacidade da mineradora.
A Samarco estima que a retomada da capacidade total poderá exigir aportes de aproximadamente R$ 13 bilhões. A previsão é que os investimentos sejam aprovados até o final deste ano pelo Conselho de Administração da companhia.
Ouça a rádio de Minas