Samarco limita aportes em reparação em proposta de recuperação judicial

Rio de Janeiro – A Samarco protocolou ontem uma nova proposta de plano de recuperação judicial aos credores, na qual propõe limitar novos aportes da mineradora nos programas de reparações devido ao rompimento de barragem em Mariana, dentre outros pontos, disseram à Reuters fontes próximas à negociação.
Na nova proposta, a mineradora prevê um limite de US$ 2,4 bilhões para novos aportes a serem feitos na Fundação Renova, responsável pelas reparações do desastre, ocorrido em 2015, disseram as fontes com conhecimento do assunto, que pediram anonimato para falar.
Além disso, os donos da Samarco – a brasileira Vale e o grupo anglo-australiano BHP – se comprometeram a fazer os novos aportes caso sejam necessários, mesmo que a Samarco tenha caixa para fazer frente às possíveis demandas, explicaram as fontes.
Tal proposta tiraria um grau de incerteza importante sobre o futuro da Samarco reestruturada, uma vez que não há ainda um acordo global fechado entre a companhia, suas sócias e autoridades federais e estaduais sobre a reparação da tragédia e dos valores a serem empenhados.
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O novo plano seria apresentado ontem em Assembleia Geral de Credores, disseram as fontes, mas a reunião não foi realizada por falta de quórum, sendo reagendada para 10 de março. Dessa forma, a Samarco decidiu apresentá-lo de forma digital.
A Reuters havia reportado antes a existência de uma diferença significativa entre as propostas de reestruturação da mineradora e de seus credores, indicando um impasse nas assembleias para a reestruturação de cerca de US$ 5 bilhões em dívida financeira.
Os credores demandaram pagamento de 100% da dívida, incluindo juros por atraso, com troca por novos bônus garantidos pelos acionistas Vale e BHP, segundo documentos da recuperação judicial.
A Samarco, por sua vez, havia proposto um desconto de 75% na dívida dos detentores de bônus, com o pagamento em títulos com vencimento em 2041. Outra alternativa seria a conversão dos créditos em participação acionária, com os credores atingindo um pouco mais de 15% da empresa.
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