Samarco negocia bio-óleo com Aperam BioEnergia para substituir gás natural

Ao firmar uma parceria com a Aperam Bioenergia, do Vale do Jequitinhonha, para testes de uso do bio-óleo nas usinas de pelotização 3 e 4 no Complexo de Ubu, no Espírito Santo, a Samarco agora avança em negociações comerciais com a subsidiária da Aperam South America para o fornecimento do insumo renovável e pode substituir 5% do uso de gás natural já no próximo ano.
Esses 5% representam a retirada de 18 mil toneladas de CO² emitidas por ano. A medida faz parte da estratégia da mineradora em transição energética e descarbonização. Até 2032, a Samarco reduzirá 30% de suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em relação às suas emissões de 2015.
“Quando a gente fala dos insumos que mais impactam, por exemplo, a produção de pelota, nas questões das emissões de gás de efeito estufa, eles são os energéticos”, afirma o gerente de Tecnologia Operacional e Processos da Samarco, Felipe Morato.

O bio-óleo é produzido a partir dos resíduos do processo de transformação da madeira de eucalipto em carvão vegetal. O coproduto é 100% nacional, desenvolvido pela Aperam BioEnergia, e adaptado pela Samarco ao processo de pelotização. O uso de bio-óleo nesse processo é inédito no País.
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Os testes ocorreram em setembro e mostraram resultados positivos, o que permitiu que fosse homologado pela Samarco como uma alternativa sustentável para o gás natural. Atualmente o combustível fóssil conta com mais de 20 kgCO2 por tonelada de minério seco (tms) dos 80 kgCO2/tms emitidos.
O potencial de redução no curto prazo é de 2 kgCO²/tms nas emissões de escopo 1 da empresa. “A gente tinha um teste pleiteando isso, agora tá homologado. Então já não é uma questão técnica, já começa a virar uma questão mais comercial. A gente está evoluindo para uma negociação comercial (com a Aperam BioEnergia)”, revela Morato.
A transição para o insumo renovável precisa de adaptações operacionais nas usinas que não exigem investimentos vultosos, o que torna baixo o custo da mudança. Os planos de descarbonização da Samarco não contam somente com o bio-óleo, mas com outros biocombustíveis no radar. A meta é zerar as emissões líquidas de GEE até 2050.
“Um ponto que pode mudar tudo nessa questão é a maneira que acontece a precificação das commodities, nem falo da commodity mineral, de todas as commodities, e as regulações que estão vindo com relação a descarbonização no mundo todo. Isso pode estimular a gente acelerar essa meta 2050”, aponta Felipe Morato.
O gerente da Samarco afirma que o País tem condições para impulsionar a transição energética por meio de biocombustíveis. O vasto território e a agroindústria competitiva contribuem para uma descarbonização financeiramente interessante do ponto de vista comercial.
A oportunidade seria vantajosa para o setor mineral, que pode oferecer produtos ambientalmente relevantes ao setor siderúrgico. “Se tiver logística, fica muito competitivo para ter uma matriz energética limpa e a gente não só exportar um produto premium, o que já é ótimo, mas exportar um produto premium com benefícios para os nossos clientes que são da siderurgia”, explica Morato.
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