Samarco vai investir R$ 1 bi em operações no Estado

de Anchieta-ES (*)
A Samarco Mineração vai investir R$ 1,2 bilhão neste exercício. Deste total, R$ 1 bilhão será destinado às operações da companhia em Minas Gerais. As adequações necessárias à continuidade da retomada das operações no Complexo de Germano, em Mariana, na região Central, demandarão a maior fatia dos aportes, especialmente a descaracterização da cava e da barragem envolvidas na tragédia de 2015.
O restante será direcionado às atividades em Ubu, no Espírito Santo. O valor total é maior do que o aportado pela companhia no ano passado (R$ 234 milhões) e cerca de R$ 80 milhões serão aplicados na manutenção de ativos.
De acordo com o diretor-presidente da Samarco, Rodrigo Vilela, os números ancoram as boas expectativas da empresa em relação ao exercício. Conforme ele, apesar da alta volatilidade do mercado no momento, a empresa aposta em um 2022 com resultados melhores que os apurados em 2021.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
“O faturamento de R$ 9 bilhões ficou bem acima do projetado, necessariamente pelo aumento do preço do minério de ferro no mercado – o que favoreceu todas as empresas. E esperamos que esse ano o resultado seja ainda melhor, mesmo diante tantas oscilações. Já conseguimos encerrar os aportes dos acionistas (BHP e Vale) e assumirmos os compromissos financeiros. Mas, tão importante quanto voltamos a fazer os pagamentos do processo de reparação da empresa, é trabalharmos internamente para a consolidação da retomada e contínua geração de caixa”, disse em encontro com a imprensa para apresentação dos resultados da mineradora em 2021.
Ainda assim, a empresa encerrou o primeiro ano de operações com prejuízo líquido de R$ 10,05 bilhões, ante um prejuízo de R$ 4,59 bilhões em 2020. A receita líquida passou de R$ 115 milhões para R$ 8,9 bilhões na mesma base de comparação.
Retomada da produção
Atuando com 26% da capacidade operacional total de 30 milhões de toneladas/ano, a Samarco produziu no ano passado 7,879 milhões de toneladas entre minérios finos e pelotas. Já quando considerado o acumulado do primeiro ano de retomada e os quatro primeiros meses de 2022, esse número chega a 10 milhões de toneladas.
Vilela ressaltou os esforços da companhia para o retorno gradual das atividades, que culminará com o alcance da capacidade operacional total em janeiro de 2029. Ele classificou a retomada como gradual, segura e responsável.
“A cautela, a prudência e a necessidade de se cumprir estritamente prazos e protocolos são a base do nosso trabalho. Conhecemos nossas responsabilidades e temos aptidão operacional. Estamos entregando os resultados que estão sendo direcionados para a continuidade da operação, execução dos investimentos e o cumprimento das obrigações de reparação”, garantiu.
Conforme publicado, com o rompimento da barragem de Fundão, há quase sete anos, a Samarco teve todas as licenças suspensas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em 2016 e as operações embargadas. A tragédia deixou 19 mortos, poluiu a bacia do rio Doce e inundou o distrito de Bento Rodrigues.
No fim de 2017, a empresa recuperou a primeira licença rumo à retomada. Desde então, iniciou uma série de adequações para a volta das atividades. Hoje opera com 26% da capacidade, número que saltará para até 32% no ano que vem, 60% em 2026 e 100% em 2029.
Mercado
Em uma análise do contexto internacional, Vilela falou sobre a volatilidade dos preços e que tanto a pandemia de Covid-19 quanto a guerra entre Rússia e Ucrânia têm influenciado no mercado de minério de ferro. Disse que a empresa trabalha com projeções de analistas para definição de suas estratégias e mantém contratos de longo prazo com preços ajustáveis.
Também por esses motivos, estrategicamente a empresa não comercializa seus minérios para a China – mesmo sendo o gigante asiático o principal destino da commodity que sai de Minas e do Brasil.
Ele lembrou que o insumo siderúrgico chegou a ser comercializado a patamares superiores a U$ 200 a tonelada em meados do ano passado e neste momento gira em torno de U$ 150.
O diretor de Reestruturação da Samarco, Luiz Fabiano Saragiotto, completou que há unanimidade no mercado de que o preço na casa dos US$ 140 a US$ 150 a tonelada não é sustentável no médio prazo.
“A expectativa é de redução gradual para US$ 90 em 2023, US$ 75 em 2024 e estabilizando na casa dos US$ 70 a partir de 2025. Mas vale dizer que essa geração extraordinária gerada pelos altos preços está sendo direcionada para frentes específicas, como viabilizar as operações, proporcionar investimentos e cumprir com nossas obrigações de reparação. Por isso, no curto prazo, não há dinheiro para pagar os credores”, disse em relação ao plano de recuperação judicial.
(*) A repórter viajou a convite da Samarco
Ouça a rádio de Minas