Santander espera voltar a crescer no segmento, mas mantém foco na qualidade

São Paulo – O Santander Brasil espera voltar a crescer no segmento de cartões de crédito nos próximos trimestres, mas a expansão se dará focada na qualidade da carteira, evitando movimentos mais amplos e acelerados no mercado, afirmou o presidente-executivo, Mario Leão.
“Cartão de crédito perdemos share, mas era o correto a se fazer. Daqui em diante, podemos estancar a queda e voltarmos com ênfase nos públicos de dentro de casa”, afirmou o executivo durante conferência com analistas sobre os resultados do banco no segundo trimestre, realizada ontem.
“Sim, a gente quer a cada trimestre inclinar a originação… Buscando crescimento trimestre a trimestre”, acrescentou o executivo, citando foco em expansão da margem de clientes.
Também ontem, o Santander divulgou lucro líquido de R$ 2,26 bilhões para o segundo trimestre, alta de 5,5% sobre os três meses anteriores, mas recuo de quase 45% sobre o mesmo período de 2022.
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Segundo Leão, desde que o banco começou uma reestruturação de seu portfólio de crédito no segundo semestre de 2021, a performance das carteiras “está fundamentalmente melhor”. Essa avaliação deu confiança à instituição financeira para reverter no segundo trimestre uma provisão adicional de R$ 1,45 bilhão que havia feito nos três primeiros meses do ano “por conservadorismo”.
Comentando o foco do banco na qualidade da carteira, Leão afirmou que o Santander Brasil vai “acelerar portfólios mais seguros, incluindo agro, consignado e financiamento de veículos”.
Em pequenas e médias empresas, que já representam 12% da carteira de crédito do banco, o Santander Brasil viu um ambiente macroeconômico mais desafiador no primeiro semestre, mas espera um crescimento maior na segunda metade do ano, apoiado nos ajustes realizados anteriormente pelo banco e pelo cenário de juros e câmbio com tendências mais favoráveis, disse Leão.
Dívidas
Questionado sobre o programa de renegociação de dívidas promovido pelo governo federal, Desenrola, o vice-presidente financeiro do Santander Brasil, Gustavo Viviani, afirmou que por ora o efeito tem sido positivo entre os devedores do banco, pois tem estimulado uma “propensão maior de renegociar as dívidas”. O executivo, porém, afirmou que ainda é cedo para se estimar o impacto do programa.
Na segunda-feira (24), o programa Desenrola completou uma semana de funcionamento com R$ 500 milhões em dívidas renegociadas e 2 milhões de registros desnegativados, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
As renegociações são feitas diretamente entre clientes com renda mensal de até 20 mil reais e bancos, que recebem um benefício fiscal como forma de incentivo. Não há limite de valor para as dívidas.
E na frente de alta renda, o Santander Brasil tem focado no programa “Select”, tendo como meta alcançar 1 milhão de clientes, disse Leão, o que exigirá que o banco aumente a equipe de atendimento do segmento em “algumas centenas de especialistas ao redor do Brasil”.
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