Economia

Segmento de atacarejo continua aquecido em Minas

Segmento de atacarejo continua aquecido em Minas
Sanzovo Neto: segmento ganhou mais notoriedade durante a crise. Créditos: Divulgação

Rio de Janeiro – Com a crise econômica vivida no Brasil nos últimos anos e a consequente mudança no perfil do consumidor, as redes supermercadistas de todo o País passaram a investir fortemente no formato cash and carry, mais conhecido como atacarejo. Somente em Minas Gerais, um terço das 69 lojas inauguradas no ano passado foram destinadas ao segmento.

E o fortalecimento deste ramo deve ser mantido também em 2019. No Estado estão previstas 70 novas lojas sob inversões da ordem de R$ 520 milhões. Tamanha a representatividade que o formato vem ganhando junto ao setor supermercadista, que das cinco redes mineiras que integram o top 20 do ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), quatro possuem operações no atacarejo.

São elas: DMA Distribuidora, detentora da bandeira Mineirão Atacarejo; Mart Minas; Bahamas, dona da marca Bahamas Mix; e Grupo Multiformato, controlador do Apoio Mineiro.

“São tendências que observamos no consumo. O modelo de hipermercado, por exemplo, foi o que mais perdeu espaço nos últimos tempos. Por outro lado, cash and carry e lojas de vizinhança são dois segmentos que vêm crescendo muito. Um, priorizando o preço, o outro, a comodidade”, explicou o superintendente da Associação Mineira dos Supermercados (Amis), Antônio Claret Nametala.

Para o presidente da Abras, João Sanzovo Neto, especificamente o formato atacarejo acabou ganhando ainda mais notoriedade durante a crise, porque a maior parte dos consumidores começou a priorizar as compras de abastecimento.

Dados da Kantar WorldPanel Brasil, apresentados durante a 53ª edição da Convenção Abras, revelam que 52% das compras em 2018 foram voltadas para o abastecimento dos lares, com mais de dez itens e tíquete elevado, e que o formato já atinge 50% das residências.

“O consumidor passou a ser mais cauteloso na hora das compras e, por isso, começou a buscar por multiformatos de lojas. As redes que apostaram na diversificação absorveram a demanda”, comentou. Mesmo assim, o modelo ainda representa apenas 25% dos canais de compras nacionais, restando um bom espaço para crescer.

A Diretora da Kantar, Christine Pereira, destacou que as mudanças econômicas e sociais observadas nos últimos anos determinaram um novo cenário para o varejo no Brasil. Segundo ela, como o consumidor tem buscado diversificação no seu consumo, a multiplicidade de canais tem se tornado um importante diferencial das redes.

“Hoje, o consumidor visita uma média de sete canais diferentes. Ele quer o benefício de e-commerce, ao mesmo tempo a comodidade de uma loja de conveniência e a oferta de preços. Por isso, focar no público é importante e, no momento, o que ele quer, ainda é preço”, garantiu.

Mudança – Já diante de uma retomada do emprego e da renda tudo isso poderá mudar.

“É o consumidor que dita o ritmo. Se ele recuperar a confiança e o poder de compra, poderá alterar novamente suas opções de consumo. O movimento é cíclico. Mas é fato que atacarejo e loja de vizinhança, neste momento, predominam o segmento”, completou Claret.

O superintendente também lembrou que apesar das tendências, a resposta do consumidor a estas transições econômicas e sociais tem sido rápida. Por isso, o varejo precisa ficar atento às adequações que se manifestam, como, por exemplo, aos desafios que as novas gerações impõem à estratégia correta de multicanalidade e ao desenvolvimento do canal e-commerce.

*A repórter viajou a convite da Abras

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