Segmento de energia solar ainda cresce de forma acelerada

São Paulo – A instalação de novas usinas eólicas no Brasil somou 3,3 gigawatts (GW) de potência no ano passado, queda de 31,25% em relação ao registrado em 2023, com o setor de forte crescimento nos últimos anos sofrendo com uma crise de demanda em função da sobreoferta de energia no País nos últimos anos.
A expectativa é de que a conjuntura desfavorável perdure até 2026, avalia a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), que aposta em retomada do segmento a partir de 2027 com base em uma expansão mais forte da carga de energia no Brasil motivada por crescimento econômico e novos “drivers” de demanda, como as indústrias de data centers e hidrogênio verde.
Segundo dados da ABEEólica, o Brasil registrou a instalação de 76 parques eólicos no ano passado, com 3,3 GW, ante 123 novos parques em 2023, que somavam 4,8 GW.
Essa desaceleração, que foi a mais expressiva desde 2018 e 2019, quando a fonte foi afetada por cancelamento de leilões regulados nos anos anteriores, reflete decisões recentes empresariais de reduzir lançamento de novos projetos, afirmou a presidente da entidade, Elbia Gannoum.
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“O ano de 2025 continua desafiador do ponto de vista da demanda para nós… Infraestrutura tem um delay de dois anos. Vai perdurar ainda um cenário de crise de demanda e de redução de instalação”.
O momento ruim para a energia eólica vem após anos de fortes incentivos à expansão das energias renováveis, o que inundou o país com novos projetos em meio a um crescimento fraco da carga de energia, levando a um cenário de sobreoferta. Custos mais elevados desestimulam novos empreendimentos do lado dos geradores, que sofrem ainda com prejuízos financeiros por cortes de geração em seus projetos operacionais.
Soma-se a isso ainda uma crise da indústria fornecedora de aerogeradores, com grandes multinacionais não só recebendo menos encomendas de máquinas, mas também enfrentando problemas com alta de custos no cenário internacional.
Com isso, a energia eólica, que hoje acumula 33,7 GW de capacidade no país, perdeu nos últimos anos o posto de segundo maior fonte da matriz elétrica nacional para a solar, que vem crescendo principalmente por meio de pequenos sistemas distribuídos.
“Mas essa é uma análise conjuntural… A partir de 2027, 2028, estamos falando de retomada da economia, redução da força de incentivos da geração distribuída (solar)… além de data centers, inteligência artificial, muitos contratos acontecendo. O mercado de energia no Brasil vai explodir, e precisamos estar preparados para isso”, ressaltou Gannoum.
O setor eólico comemorou ainda a recente aprovação do marco regulatório para a eólica offshore, tecnologia que também apresenta amplo potencial de crescimento no Brasil. A expectativa é de que um leilão de cessão de uso de áreas no mar possa ser realizado ainda em 2025, permitindo que as primeiras usinas no mar possam entrar em operação a partir de 2030.
Reportagem distribuída pela Reuters
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