Economia

Selic alta: entenda como a taxa impacta seus investimentos e veja onde aplicar seu dinheiro

Com a taxa básica no maior patamar desde 2006, especialistas orientam como aproveitar o momento, seja você iniciante ou não no mundo dos investimentos
Selic alta: entenda como a taxa impacta seus investimentos e veja onde aplicar seu dinheiro
Crédito: Reprodução Adobe Stock

A taxa Selic, principal ferramenta para controlar a inflação, chegou a 15% ao ano na última semana – o maior patamar dos últimos 20 anos. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central impacta diretamente a vida financeira dos brasileiros: do custo do crédito ao desempenho dos investimentos. E quem ganha com isso é exatamente quem tem dinheiro para aplicar, em especial o investidor mais conservador.

Segundo a fundadora da escola de educação financeira Financial Experts, Luciana Ballesteros, a taxa Selic elevada tende a tornar os investimentos de renda fixa mais atrativos. Isso acontece porque esses ativos, como CDBs, Tesouro Direto, LCIs e debêntures, oferecem retorno proporcional à taxa de juros.

“A Selic é o principal instrumento de política monetária do país, uma referência para todas as outras taxas de juros. Ela afeta aplicações financeiras, incluindo debêntures e CDBs, aumentando o custo de capital dos emissores – bancos e empresas. Ter uma taxa alta como agora, a maior em quase 20 anos, desestimula investimentos na economia real, impactando o PIB”, explica Ballesteros.

Se para quem deve e paga juros, o aumento da taxa é negativo, para os investidores a lógica é outra. Com o rendimento dos títulos públicos atrelado diretamente à Selic, quanto mais alta a taxa, maior a rentabilidade dos investimentos conservadores.

Taxa Selic alta favorece o investidor mais cauteloso

O coordenador do curso de Ciências Econômicas do Ibmec, Ari Francisco, reforça que o movimento natural, em um cenário como o atual de alta da taxa Selic, é o direcionamento para o investimento em renda fixa.

“Selic mais alta é sinal de ativos de renda fixa que têm nível de risco baixo remunerando os investidores com um retorno mais elevado. Isso, inevitavelmente, seduz parte dos investidores para esse tipo de ativo financeiro”, afirma.

A escolha entre renda fixa e variável na hora do investimento, no entanto, ainda depende do perfil de risco de cada pessoa.

“A gente tem investidores que aceitam um nível de risco mais elevado para obter um retorno também mais elevado. Mas, num ambiente de juros altos, o apelo da renda fixa é muito forte. CDBs e títulos do Tesouro estão pagando mais nesse momento”, observa Ari.

Investir com estratégia: diversificação pode ser a chave

Mesmo com o cenário favorável à renda fixa, especialistas alertam para um erro comum: buscar “o melhor investimento” do momento. A recomendação é manter uma carteira diversificada, equilibrando diferentes produtos conforme o perfil e os objetivos do investidor.

“É fundamental um diagnóstico inicial e planejamento para montar a carteira, que deve ter vários produtos de investimentos de renda fixa e variável, considerando, claro, os ciclos econômicos quando algumas classes de ativos ficam mais atrativas”, orienta Ballesteros.

O professor do Ibmec destaca que a escolha pela carteira de investimentos vai depender do perfil de cada um conservador, moderado ou arrojado. “Esse equilíbrio no portfólio depende do investidor. Isso é uma opção bem específica, que tem relação com uma percepção individual em relação à aceitação do nível de risco que o investidor tem”.

Além disso, a Ballesteros ressalta também que avaliar a rentabilidade líquida dos investimentos é essencial na hora de definir os investimentos.

“Quando investimos, precisamos analisar a rentabilidade líquida, descontando impostos e custos de investimentos. Estamos passando por um momento em que estão sendo discutidas mudanças que podem impactar diretamente o retorno dos produtos”, alerta.

Onde investir com a Selic em 15%?

Se você quer aproveitar a Selic alta para investir melhor, veja algumas alternativas indicadas pelos especialistas:

  • Tesouro Selic: ideal para quem busca segurança e liquidez.
  • CDBs de bancos médios: oferecem taxas mais atrativas, com garantia do FGC.
  • LCIs e LCAs: isentas de Imposto de Renda, são boas opções para quem quer rentabilidade líquida maior.
  • Debêntures: mais arriscadas, mas com potencial de retorno superior — especialmente as incentivadas, isentas de IR.
  • Fundos de renda fixa: para quem deseja diversificar dentro de um só produto.

Segundo os especialistas, investidores devem avaliar o perfil de risco, diversificar a carteira e focar na rentabilidade real dos ativos, considerando impostos e custos. Quem já investe pode reforçar posições em renda fixa, enquanto iniciantes encontram uma excelente oportunidade para começar com segurança.

Educação financeira desde cedo faz diferença

A falta de conhecimento financeiro é um obstáculo comum entre potenciais investidores brasileiros. Segundo pesquisa do Banco Central e do Fundo Garantidor de Créditos, o letramento financeiro médio do brasileiro é de 59,6 numa escala de 0 a 100. Entre os jovens, o índice é ainda mais preocupante: 45% apresentam baixo desempenho, segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) e publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Com o objetivo de mudar esse cenário, a Financial Experts atua desde 2019 oferecendo cursos de educação financeira para adolescentes a partir de 12 anos — uma proposta pioneira no Brasil.

Fundada por Luciana Ballesteros em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, a escola já formou mais de 200 alunos. Ela acredita que o aprendizado desde cedo é transformador.

“Esse conhecimento muda a forma de lidar com o dinheiro, baseada no entendimento do seu verdadeiro valor e na autonomia para fazer escolhas conscientes”, defende a especialista.

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