Sem defesa comercial, Gerdau poderá rever investimentos e paralisar mais usinas no Brasil

Se o governo brasileiro não impuser novas medidas de defesa comercial à siderurgia, a Gerdau poderá paralisar mais usinas pelo Brasil e rever o nível de investimentos que tem colocado no País, de acordo com o CEO da empresa, Gustavo Werneck.
O executivo ressalta que a produtora de aço segue aplicando recursos no País, mas não vê ações mais robustas por parte da União para defender a indústria nacional. Ele diz que a cota-tarifa implementada no ano passado não tem sido eficaz e necessita de aprimoramento.
A Gerdau anunciou o plano de investir R$ 6 bilhões em 2025 em suas operações globais, incluindo o Brasil. Werneck ressalta que isso é uma demonstração de que seguem acreditando que uma decisão em breve será tomada. Conforme ele, o tempo está passando e a empresa tem que definir os investimentos que fará ou não no decorrer dos próximos anos.
“O primeiro trimestre deste ano será um prazo importante para que a gente perceba ou entenda movimentos adicionais do governo federal para evitar essa competição desleal”, disse o CEO à imprensa nesta quinta-feira (20). “Será um período decisivo, até porque o fechamento de um primeiro trimestre nos ajuda a projetar o que vem pelo ano”, acrescentou.
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Para Werneck, o Brasil precisa se espelhar no que os Estados Unidos tem feito e ser mais célere e pragmático para resolver o problema que as siderúrgicas enfrentam com uma competição desleal frente a países que subsidiam a produção, como a China.
Segundo ele, o setor e a União não estão negociando, porque em uma negociação ambos os lados precisam ceder. Ele pondera que são conversas que estão em andamento, com as siderúrgicas tentando, exaustivamente, mostrar a ineficiência da cota-tarifa que está em vigor e que não tem impedido a acentuada entrada de produtos importados no País.
O CFO da empresa, Rafael Japur, enfatiza que o mercado brasileiro, historicamente, era atendido por cerca de 10% de aço importado, mas o patamar praticamente dobrou em 2024. Isso significa, conforme ele, que a Gerdau, assim como outras produtoras, poderia ter fabricado 10% a mais no último ano, se a taxa histórica de penetração fosse mantida.
Operação em Barão de Cocais não tem previsão para ser retomada
Afetada pelas importações, a Gerdau suspendeu, em maio de 2024, as atividades da usina de Barão de Cocais, na região Central de Minas Gerais, o que refletiu na redução da capacidade produtiva da usina de ferro-gusa, localizada em Sete Lagoas.
De acordo com Werneck, no curto prazo, não há nenhum indício de retomada da produção, visto que o debate em torno da defesa comercial à siderurgia ainda está em curso.
Siderúrgica poderá elevar a produção nos EUA com ‘tarifaço’ de Trump
Se no Brasil a Gerdau vem sofrendo com a ausência de medidas protecionistas, nos Estados Unidos a empresa poderá se beneficiar com a tarifa de 25% estabelecida por Donald Trump para as importações norte-americanas de aço.
Werneck diz que a medida deverá resultar em uma maior utilização dos ativos no país e em uma melhoria da competitividade das usinas. Atualmente, a Gerdau utiliza 70% da capacidade dos laminadores nos Estados Unidos e, conforme ele, as operações estão prontas para serem totalmente ligadas se houver pedidos.
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