Economia

Sem faturamento, a cadeia de turismo em MG pede volta para onda vermelha

Sem faturamento, a cadeia de turismo em MG pede volta para onda vermelha
Em Tiradentes, pelos menos 30% dos hotéis e restaurantes fecharam as portas | Crédito: Pedro Vilela/Agencia i7

Michelle Valverde e
Juliana Siqueira

A onda roxa imposta em Minas Gerais – medida mais restritiva do Programa Minas Consciente para o controle do Covid-19 – ampliou a crise vivida pelas empresas e municípios que têm o turismo como principal atividade econômica.

Com a suspensão das atividades e sem faturar, representantes do setor e dos municípios buscam medidas junto ao governo de Minas para salvar o setor. Além de solicitarem a progressão para a onda vermelha, onde as atividades ainda que de forma restrita podem funcionar, o setor também precisa de apoio para divulgação do turismo e medidas que garantam a sobrevivência das empresas.

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No fim da tarde de ontem, foi realizada uma reunião entre os secretários de Turismo das principais cidades turísticas de Minas e representantes da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo.

De acordo com o secretário de Turismo de Camanducaia, Bruno Rosa, houve algumas sinalizações importantes.

“A gente teve sinais de alguns movimentos que eles estão fazendo, inclusive que eles estão batalhando pela mudança das ondas junto ao comitê que trata das mudanças do Minas Consciente. Foi sinalizado que será feito um trabalho muito grande de promoção de Minas Gerais agora na retomada. Ainda foi sinalizado que se vai lutar pela questão dos parques, para que sejam abertos nas ondas, tendo em vista que são algumas demandas de saúde também”, diz ele.

O secretário ressaltou ainda a sinalização de uma articulação com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para facilitação das linhas de crédito para o setor de turismo.

Carta – Foi encaminhado ao governador de Minas, Romeu Zema, e ao secretários de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, e de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti Vitor, um ofício com solicitações consideradas essenciais para a sobrevivência das empresas do setor de turismo.

De acordo com a presidente da Agência de Desenvolvimento de Monte Verde e Região (Move), Rebecca Wagner, a situação das empresas de turismo na região é crítica. Segundo ela, somente no período de vigência da onda roxa, Monte Verde acumulou um prejuízo próximo a R$ 15 milhões, considerando apenas os serviços de hospedagem e restaurantes.

“A parte turística de Monte Verde e região está totalmente fechada. Nestes pequenos destinos, o turismo é 100% da atividade econômica. Já estávamos com muitos prejuízos com as atividades funcionando de forma reduzida e, com a onda roxa, a situação se complicou ainda mais e os prejuízos cresceram. Além disso, há um aumento do desemprego”.

Ainda segundo Rebecca, a expectativa é que o governador de Minas Gerais permita que o turismo volte a funcionar, mesmo que de forma reduzida, o que pode garantir um faturamento mínimo e manutenção das empresas.

 Em Tiradentes, município que também é totalmente dependente do turismo, as restrições de funcionamento impostas desde o ano passado para conter o avanço da pandemia já causaram o fechamento de pelo menos 30% das empresas dos setores de hotelaria e restaurantes. A onda roxa agravou a situação e novos fechamentos e demissões podem ocorrer caso as medidas altamente restritivas sejam mantidas.

“Com a suspensão do turismo, a gente não tem como trabalhar e as demissões do setor estão acontecendo em massa. Em 2020, as empresas ficaram a maior parte do ano fechadas, depois, funcionando com restrições. Agora, já vamos para mais um mês sem poder abrir. Os empresários estão sem condições de arcar com a folha de pagamentos, aluguéis, taxas e financiamentos.  Precisamos que o governo de Minas se sensibilize e olhe para as cidades que dependem totalmente do turismo e estão impedidas de funcionar”, disse o presidente da Associação Empresarial de Tiradentes (Asset), Wellersom Cabral.

O documento, entregue ao governo de Minas Gerais, e que foi assinado por 20 secretários municipais e representantes do setor, ressalta que o turismo em Minas Gerais vem sofrendo muito com as medidas restritivas da onda roxa.

“Com todo período que o trade turístico não trabalhou em 2020 e agora com as restrições de 2021, estamos assistindo, com muita preocupação, a caminhada de meios de hospedagem, restaurantes, lojas, agências, guias, instâncias de governança entre outros a situações financeiras extremamente delicadas. Mais uma vez reforçamos que sabemos que o valor da vida é bem maior do que qualquer bem ou dinheiro, mas não há como não se preocupar com o desemprego que já é realidade em vários destinos”, diz o documento.

Setor quer abertura na onda vermelha

Dentre as solicitações feitas ao governador, Romeu Zema, está o pedido para que haja progressão para outras ondas do Programa Minas Consciente, exceto a roxa. O objetivo é que os empresários do setor possam movimentar os estabelecimentos, mesmo que de forma reduzida, evitando muitas demissões e falências em todo o Estado.

O presidente da Associação Empresarial de Tiradentes (Asset), Wellersom Cabral, explica que as empresas do setor adotaram todos os protocolos exigidos e fundamentais para evitar a proliferação da Covid-19.

Também foi solicitado que seja incluída em todas as ondas a abertura dos parques ao ar livre (essenciais à saúde). O apoio da Secult, para o desenvolvimento de uma ação de promoção de Minas Gerais como um destino seguro também está entre as demandas.

O setor também que seja feita a apresentação de cronograma de vacinação para o Estado, apoiando a compra do imunizante através de consórcios de municípios, o que daria agilidade ao processo.

Outra solicitação foi pela criação, por parte da Secult, de um programa de auxílio emergencial para trabalhadores ligados aos setores de Cultura e Turismo (alimentação, hospedagem, agências de viagens receptivas e emissivas, entre outras), utilizando recursos não usados da Lei Audir Blanc e adequá-los ao turismo.

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