Economia

Semana Fashion Revolution em BH propõe moda consciente

A programação, totalmente gratuita, acontece até sábado no Museu da Moda
Semana Fashion Revolution em BH propõe moda consciente
FOTO: Divulgação /Vítor Milani

Acontece até sábado (26) a 11ª edição da Semana Fashion Revolution (SFR) no Brasil. Com o tema “Pense Global, Aja Local: quem é o Brasil na Revolução da Moda?”, a campanha busca mapear os maiores problemas e soluções da moda no País, a fim de promover um olhar aprofundado sobre territórios e saberes locais, emergência climática e direitos dos trabalhadores, sendo capaz de gerar uma cadeia produtiva mais consciente. Em Belo Horizonte, a programação se concentra no Museu da Moda (MuMo), no Hipercentro.

As ações da Semana Fashion Revolution 2025, que incluem debates, workshops e painéis, acontecerão em todo o território nacional. A programação, totalmente gratuita, é organizada pelos 114 representantes locais e mais de 170 embaixadores educacionais do Instituto. Em 2024, foram mais de 900 ações, em mais de 100 cidades. O Mumo fica na rua da Bahia, 1.149, Hipercentro.

Para a coordenadora de Mobilização e da SFR, Marina de Luca, o mapeamento proposto pela campanha deste ano é uma forma de evidenciar a maturidade do movimento, que, atualmente, conta com uma rede de centenas de voluntários espalhados por todas as regiões do Brasil e que atuam em mais de 150 instituições de ensino.

“Atuar, há 11 anos, nessa jornada nos ensinou muita coisa, e é muito potente ver a consolidação dessa campanha plural a cada ano”, pontua Marina de Luca.

Painel aborda os desafios de empreender com sustentabilidade

Ainda nesta quarta-feira (23), às 20h30min, o painel “Pense global e aja local: os desafios de empreender com sustentabilidade” vai discutir como equilibrar os pilares econômico, social e ambiental nos negócios de moda. 

A conversa parte dos dados do Índice de Transparência da Moda, relatório do Fashion Revolution Brasil que analisa as práticas das maiores empresas do setor. Entre os temas em pauta estão: práticas sustentáveis na produção, medição de impacto, investimento de longo prazo, diversidade como inovação e o papel das marcas no bem-estar das comunidades. O encontro contará com a participação das marcas mineiras NotEqual e Pronta, que trarão experiências reais de inovação e responsabilidade na moda.

Outro destaque entre outras atividades acontece na quinta-feira (24), às 19 horas, também no MuMo. O painel “Como as políticas públicas podem servir para o avanço da moda sustentável?” vai abordar as políticas públicas e a PL 2378/2024, discutindo possíveis caminhos para uma moda mais sustentável em Minas Gerais. 

Já o Dia das Manualidades ocorrerá na Praça da Liberdade, no sábado (26), a partir das 14 horas. A ação, que é global, acontecerá em diversas cidades simultaneamente, e tem o objetivo de incentivar e valorizar o reparo e atividades manuais e sua importância socioeconômica para uma moda mais consciente.

A discussão sobre uma moda consciente e engajada se mostra cada vez mais importante no Brasil, já que o País é uma das potências mundiais na produção têxtil. Balanço apresentado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) mostra que o setor retomou um ciclo positivo no ano passado, depois de enfrentar dificuldades desde a pandemia. No tocante à produção, o segmento têxtil registrou crescimento de 4% entre janeiro e novembro de 2024 em relação ao mesmo período de 2023, enquanto o vestuário avançou 3,8%. A expectativa é que a produção nacional no setor têxtil e de confecção cresça 1,2% ao longo de 2025 frente ao registrado no ano passado.

Em termos de empregos, o setor também apresentou resultados positivos. De janeiro a outubro de 2024, foram criados 30,7 mil postos de trabalho, sendo 14,2 mil no segmento têxtil e 16,5 mil no de confecção. No período de dezembro de 2023 a novembro de 2024, o saldo positivo do setor como um todo foi de 7,1 mil vagas.

Segundo a representante oficial da SFR em Belo Horizonte, Maiana Cavalcanti, a interseccionalidade entre clima, saberes tradicionais e direitos dos trabalhadores é o que orienta a transição da indústria para um modelo que adote práticas regenerativas, valorizando o conhecimento ancestral e combatendo a crise climática.

Nesse cenário, a SFR 2025 propõe três perguntas a serem feitas às marcas:

  • #QuemFezMinhasRoupas: as marcas precisam ser transparentes e mostrar se as pessoas que fazem nossas roupas têm condições dignas de trabalho asseguradas.
  • #DoQueSãoFeitasMinhasRoupas: a indústria da moda precisa revelar o que tem por trás de nossas peças de roupas, mostrando se ela tem contribuído para a extração irresponsável de recursos naturais ou para a regeneração da terra.
  • #ACordeQuemFezMinhasRoupas: as empresas devem implementar ações com foco na promoção de igualdade racial entre seus funcionários.

“Essa é uma semana da moda diferente, que não está atrelada ao consumismo, mas, ao contrário, propõe repensarmos o modelo de consumo que temos. É um convite para refletirmos sobre o  papel do Brasil nessa revolução, lutando por uma moda consciente, com menor impacto, justa e que vise as pessoas antes do lucro. A programação segue o tema proposto, debatendo temas que são importantes para o Brasil, privilegiando fontes locais que podem agir e influenciar o nosso cenário, refletindo e propondo soluções que podem ser adaptadas em outros lugares”, explica Maiana Cavalcanti.

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