Economia

Setcemg fará treinamento para rentabilidade no transporte rodoviário de cargas

Campanha de capacitação chega no momento em que os transportadores sofrem forte pressão para redução dos preços dos fretes
Setcemg fará treinamento para rentabilidade no transporte rodoviário de cargas
Crédito: Alisson J. Silva / Arquivo / Diário do Comércio

O Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg) prevê lançar em outubro a campanha “Frete Justo”, um treinamento para empresas do setor aperfeiçoarem a apuração do valor do frete no Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), revelou o presidente do sindicato, Antonio Luis da Silva Junior, durante o Encontro de Empresários, evento da entidade em Belo Horizonte.

O presidente do sindicato afirma que a campanha de capacitação é necessária neste momento, em que os transportadores sofrem forte pressão para redução dos preços dos fretes, o que aumenta o risco do chamado “frete predatório”, em que o valor do serviço prestado é abaixo do seu custo, mas o problema somente é identificado pelas empresas após realizada a operação e o consequente prejuízo financeiro.

“Atualmente, nós entramos numa espiral negativa. Não tem preço, não tem condição de pagar bem e só vai piorando a qualidade. Nós temos que inverter essa espiral”, declarou Silva Junior. Ele ressalta que os cursos de capacitação da campanha Frete Justo serão oferecidos a empresários e motoristas do TRC para que consigam ficar numa posição equilibrada com os clientes na mesa de negociação.

O presidente do Setcemg afirma que o atual cenário do transporte de cargas em Minas Gerais é preocupante, por questões como grande redução no transporte de minério, trânsito restrito pela baixa qualidade das estradas, excesso de oferta de caminhão e fretes incompatíveis com o custo. “É preocupante. Reversível, sim, mas é preocupante”.

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Para o especialista em gestão econômica de transporte e frotas Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte (Fabet), Carlos Augusto Silveira, as transportadoras não usam adequadamente os métodos para calcular o valor do frete para garantir a rentabilidade do TRC. Ele aponta que o levantamento de dados e mensuração é importante para este processo.

“Quem vai trabalhar para projetar um valor do frete usa metodologias erradas e, quando usam a metodologia correta, é frágil, peca nos detalhes, em coletar dados”, disse Silveira. Ele explica que a rentabilidade do frete deve ser precificada nos seguintes pontos: estrutura do veículo, despesas da viagem, carga tributária e impacto financeiro.

Passos para rentabilidade no transporte

Na estrutura do caminhão, as empresas devem mensurar o custo do veículo durante o deslocamento, durante a carga e a descarga. Nas despesas da viagem, é necessário definir qual o critério da alocação dos recursos utilizados no percurso.

O especialista da Fabet também conta que os transportadores têm de fazer um levantamento da carga tributária aplicada em uma viagem, com impostos municipais, estaduais, interestaduais e até internacionais. No impacto financeiro, o transportador deve mensurar o prazo de pagamento do frete e o lucro estimado na operação.

Não menos importante que o levantamento dos dados, a empresa de TRC precisa de capital humano adequado para “manusear o liquidificador” de informações, ressalta Silveira. “Quem vai trabalhar com isso tem conhecimento suficiente? A maioria pega tabela dos outros e aplica, mas não é uma realidade, é uma referência”, pontua.

“O meu custo é baseado na minha estrutura, minha gestão, na minha maneira de cuidar das pessoas”, aponta Silveira. “Alguém tem que começar a rastrear tudo isso e começar a transformar isso em indicadores econômicos, para poder estar norteando o comercial saber vender um preço justo”, completa.

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