Setor do aço aponta custo com lei do mercado de carbono e quer taxa extra de importação

O setor do aço acredita que pode ser penalizado além da conta pela lei que cria o mercado regulado de carbono e estabelece limites para emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). O Instituto Aço Brasil afirmou que, no caso do País, a indústria é o segmento com o menor nível de participação percentual nas emissões, mas está no foco da nova legislação.
Em coletiva de imprensa da entidade nesta segunda-feira (16), a diretora de assuntos institucionais do Instituto, Maria Cristina Yuan, afirmou que as siderúrgicas possivelmente terão que comprar créditos de carbono, frente à dificuldade de reduzir as emissões de forma abrupta em uma produção de um insumo carbono-intensivo.
“Outros setores que tem um nível de contribuição de emissões muito maior não foram considerados nesse mercado de carbono. Então nós não entendemos muito bem como esses setores vão conseguir cumprir seus compromissos, reduzir suas emissões, da forma que a indústria vem fazendo”, declarou.
Segundo estimativa do Instituto Aço Brasil, a indústria do aço brasileira precisaria de investimentos pesados, em Capex, para uma mudança de tecnologia na estrutura produtiva. A transição seria iniciada com uso do gás natural até o hidrogênio verde, por exemplo.
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“O cálculo que nós temos feito – por uma consultoria de altíssimo nível no Aço Brasil – para atingir a neutralidade das emissões em 2050, seria da ordem de 180 bilhões de reais. Estamos falando do Brasil”, disse o presidente-executivo da entidade, Marco Polo de Mello Lopes, durante a coletiva.
Ele ressaltou que China e Índia, que contam com uma produção de aço com mais emissões/tonelada em comparação com o Brasil, alongaram seus prazos de redução de emissões, em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Acordo de Paris.
Ao mesmo tempo, o Brasil, um país em desenvolvimento como as duas potências asiáticas de produção de aço mais limpa, mantém uma meta mais ousada como a anunciada na Cúpula do Clima (COP29) em Baku, no Azerbaijão. “Quais são as consequências daquilo que está se anunciando? Nós não vamos assumir metas que não sejam factíveis. Essa é a posição nossa”, declarou Lopes.

Maria Cristina Yuan considera que, frente a uma concorrência internacional predatória, é essencial verificar qual a disposição, dos setores consumidores de aço, em pagar um custo adicional, por um produto com menor pegada de carbono. “Isso é uma questão que tem que ser avaliada como um todo porque, para zerar as emissões, você vai ter um aço que ninguém vai querer comprar”, disse.
A diretora do Instituto Aço Brasil ressaltou que o setor pleiteia, junto ao governo federal, a implementação de uma taxa de ajuste de carbono para importação, para evitar a entrada de aço de produção mais poluidora no País.
A medida é necessária, segundo ela, para evitar uma destruição da indústria nacional frente ao custo adicional e compra de créditos de carbono. “Senão, é uma luta muito desigual. Fazer um esforço para reduzir suas emissões e, complementarmente, comprar créditos de carbono, e continuar a entrar aço produzido com maior pegada de carbono”, destacou.
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