Setor de autopeças em Minas Gerais mantém previsão de investimentos para o ano

O crescimento da exportação de autopeças para Argentina e também da produção do polo automotivo da Stellantis em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), contribuíram para o setor de autopeças, em Minas Gerais, não ser afetado como o esperado pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O segmento chegou a considerar rever os investimentos previstos para o ano.
O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) estimou aportes da ordem de R$ 700 milhões do setor no Estado em 2025, cifra 7,6% superior ao aportado em território mineiro no ano passado, de cerca de R$ 650 milhões. Mesmo com as tarifas de 25% impostas por Trump ao segmento, posteriormente reduzidas para 15%, o Sindipeças agora mantém a estimativa de aportes do setor para o ano.
Estimativas do Sindipeças e da Associação Brasileira da Indústria de Autopeças (Abipeças), apontaram que a tarifa de 25%, até então, para importação de veículos e componentes automotivos, ia gerar um aumento de US$ 275 milhões no imposto pago pelos norte-americanos para as importações de autopeças fabricadas em território nacional.
Depois da Argentina, os Estados Unidos representam o maior mercado para as exportações dos componentes automotivos fabricados no Brasil. Ainda assim, a tendência da balança comercial do setor com a maior economia do mundo é negativa. No ano passado, o déficit dos brasileiros no comércio de autopeças com os norte-americanos foi de US$ 872 milhões.
O montante de investimentos estimado pelo Sindipeças é considerado pelo setor como inferior ao necessário para reverter a tendência negativa na balança comercial.
O diretor regional do Sindipeças, Fábio Sacioto, destaca que o setor não é tão competitivo no campo das exportações, que representam menos de 20% do faturamento do segmento no País. Ainda assim, o mercado argentino mostra boa recuperação neste ano e tem absorvido boa parte da produção de autopeças de Minas Gerais. O movimento fez o Estado ainda não sentir impacto relevante das tarifas de Trump – agora de 15% – nos negócios.
“Os Estados Unidos hoje não têm uma relevância tão grande, apesar de ser um mercado importante. A gente não sentiu essa diferença com a tarifa, mesmo com 25%”, declarou.
Sacioto revela que o segmento de autopeças em Minas Gerais deve fechar o ano com um faturamento de R$ 27 bilhões, um crescimento de 5% em relação ao apurado no ano passado. A estimativa de desempenho era até um pouco maior, mas o setor a revisou para baixo, devido às subidas consecutivas da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central.
Polo de Betim impulsiona demanda e setor de autopeças espera retomar confiança do consumidor
O diretor regional do Sindipeças apontou que há uma queda nas vendas de caminhões, mercado diretamente impactado pela Selic, mas que o segmento de autopeças obteve uma boa demanda no primeiro semestre deste ano. Além do já citado aumento da exportação para o mercado argentino, a demanda do polo da Stellantis em Betim, o maior cliente do setor de autopeças de Minas Gerais, foi o fator principal que impulsionou a produção do segmento.
Conforme noticiado pelo Diário do Comércio, a tendência para este ano é que a produção do polo automotivo de Betim cresça ainda mais, a ponto de registrar a maior produção entre todas as unidades da fabricante de veículos espalhadas pelo mundo.
Além da produção na planta, a Stellantis aumentou a liderança nas vendas de automóveis do mercado nacional. De janeiro a maio deste ano, o grupo automotivo obteve 30,4% de participação das vendas totais do País. A comercialização de veículos da companhia também aumentou na Argentina e na América do Sul ao longo do ano de 2025.
Ainda assim, o setor automotivo como um todo tem certa cautela devido ao patamar elevado da taxa de juros. Uma Selic alta por muito tempo influencia bastante nas vendas, ressalta Sacioto, já que 70% da comercialização de veículos é realizada por meio de financiamentos. O fato impacta diretamente o segmento de autopeças. “Por outro lado, tem uma sinalização de que a Selic não vai subir mais, então a gente está tentando retomar a confiança do consumidor”, pontua.
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