Setor de autopeças projeta crescimento em Minas Gerais

Após encerrar 2023 com uma produção estável em relação ao exercício anterior, o setor de autopeças de Minas Gerais está otimista para 2024. Segundo o diretor regional do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) no Estado, Fábio Sacioto, a expectativa do segmento é fechar o ano com um crescimento produtivo de 5% a 7%.
A alta projetada pela categoria será sustentada pelos resultados do segundo semestre. Atualmente, a indústria mineira de autopeças está operando em níveis regulares, mas projeta um forte aumento de 10% no volume de produção nos últimos seis meses do ano ante o período de janeiro a junho. A previsão deve ser concretizada se o cenário de vendas internas diárias de veículos for mantido.
Sacioto destaca que a média de emplacamentos por dia, em março, foi a melhor desde novembro, um indicador de aquecimento do mercado. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que a média diária, no mês passado, atingiu 9,4 mil unidades, uma adição de 8,5% sobre igual intervalo do ano anterior e 7,9% frente a fevereiro. No comparativo entre o primeiro trimestre de 2024 e 2023, a média foi 12,6% superior.
Constatando o bom momento da indústria automotiva no Brasil, os números da entidade apontam que 187,7 mil veículos foram vendidos no terceiro mês deste ano, mesmo com 3 dias úteis a menos que março do exercício passado. Na comparação com fevereiro, houve acréscimo de 13,6%. No acumulado dos primeiros três meses, ocorreram 515 mil vendas, volume 9,1% maior. A projeção da Anfavea é de que os emplacamentos cresçam 6,1% em 2024, para 2,45 milhões.
Outro fator que tende a impulsionar o setor é a redução da Selic, hoje em 10,75% ao ano. A taxa vem sofrendo cortes de 0,5 ponto percentual desde agosto de 2023, após três anos de altas. Sacioto realça que grande parte dos veículos são financiados e a queda dos juros impacta positivamente o mercado, visto que também diminui o custo de empréstimos e financiamentos.
“Estamos com uma expectativa boa para Minas Gerais de crescimento moderado, pois o que nos preocupa é quando sobe ou cai muito (volume de produção). Com isso, as empresas de autopeças vão aumentando a produtividade gradualmente, o que é muito importante para o setor retomar a produtividade que a gente tinha alguns anos atrás”, enfatizou o diretor regional do Sindipeças.
Baixa nas exportações é desafio
Apesar da confiança do setor de autopeças de Minas Gerais, motivada por uma alta da média diária de emplacamentos, bem como quedas da Selic, há desafios pelo caminho. O ponto negativo, conforme Sacioto, é a baixa nas exportações de veículos, que impacta o total produzido.
Segundo levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos, os embarques de março subiram 6,5% sobre fevereiro, alcançando o melhor resultado em sete meses, porém, a performance do ano permanece fraca. Os dados da entidade indicam um recuo de 28% no acumulado deste ano até março, em relação ao mesmo período de 2023. Para 2024, a estimativa da Anfavea é de que o volume embarcado seja de 407 mil unidades, um aumento de apenas 0,7%.
Escassez de autopeças no mercado
Recentemente, o setor de reparação de veículos de Minas Gerais expôs que está lidando com dificuldades decorrentes da escassez de autopeças no mercado. A indisponibilidade dos produtos, segundo eles, resulta em atraso na entrega dos serviços e impacta a relação com os clientes que, por vezes, chegam a entrar judicialmente contra as oficinas, causando transtornos ainda maiores.
Questionado sobre a situação, o diretor regional do Sindipeças disse que não recebeu reclamações relacionadas e ressaltou que sempre se colocou à disposição do sindicato responsável pelo setor de reparação para dialogar sobre eventuais adversidades enfrentadas com fabricantes associados.
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