Setor de bares mostra otimismo e pode criar até 10 mil vagas em Minas

O empresariado do setor de bares e restaurantes está otimista para o segundo semestre de 2021. Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), o setor tem expectativa de retomar os patamares de faturamento de 2019 neste segundo semestre.
Segundo o presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel, o setor está melhorando desde quando abriu em definitivo. “Estamos longe de chegarmos à mesma lucratividade de 2019. Estamos com uma inflação alta, ainda não conseguimos recuperar o fôlego do período em que ficamos fechados durante os picos da contaminação da Covid-19, mas por outro lado, o avanço da vacinação e o aumento das pessoas imunizadas com a segunda dose têm feito com que as pessoas tenham mais coragem de sair de casa”, explica.
Com a retomada das atividades, alguns empresários começaram a contratar. Conforme dados da Abrasel-MG, até o fim deste ano serão criados até 10 mil novos postos de trabalho. Durante o período de fechamento dos bares e restaurantes, cerca de 30 mil pessoas perderam os empregos. “A partir da semana que vem, vamos lançar um portal de vagas para captar mão de obra para o setor. Já estamos contratando, apesar da restrição de horário de funcionamento e da falta de transporte público para os nossos funcionários. Até o momento, a Prefeitura de Belo Horizonte não resolveu este problema e estamos arcando com a vida e segurança dos nossos funcionários”, reforça Matheus Daniel.
A Abrasel-MG informou que cada bar e restaurante está criando a estratégia para “chamar a clientela”, o que não é uma regra. “Algumas promoções estão sendo criadas, mas isso depende do empresário, como a que o cliente mostra o comprovante das duas doses da vacina e o segundo chope é por conta da casa, mas cada empresário avalia se vale à pena ou não”, pontua.
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A expectativa para o fim do ano é a de que com o avanço da vacinação e o maior número de pessoas imunizadas com a segunda dose, os clientes voltem a confraternizar em bares e restaurantes. “Além disso, queremos que a prefeitura acabe com o horário restrito para o funcionamento de bares e restaurantes. Estamos esperando que o município dê uma resposta ao nosso pedido”, completa.
Custos
A Abrasel-MG detalha que os custos diários dos empresários ainda é a maior dificuldade do setor. A inflação preocupa o setor que ainda não recuperou o fôlego com as contas adquiridas durante a crise pandêmica. “Temos parcelas de empréstimos, além de contas de água, energia elétrica, pagamento de funcionários, fornecedores, aluguel, além dos alimentos e bebidas. Tudo isso subiu e muito. Isso preocupa os empresários que ainda não recuperaram todo o orçamento”, explica o presidente Matheus Daniel.
Ainda de acordo com a associação, 3.500 empresas fecharam em Belo Horizonte durante a crise sanitária. A Abrasel-MG não soube precisar os dados do Estado.
Há 14 anos no mercado, o proprietário do Boi Vitório, Fabrício Lana, avalia que grande parte da população não está segura o suficiente para sair de casa e retomar a rotina de frequentar bares e restaurantes.
Mesmo seguindo os protocolos sanitários determinados pelo município, o empresário conta que o movimento está abaixo do esperado. “Meus clientes têm o perfil mais velho. Meu movimento maior está sendo no fim de semana, mas nada comparado ao que era antes da Covid-19. A expectativa é a de que, com o avanço da imunização, as pessoas percam o medo de sair de casa e voltem a frequentar os restaurantes”, opina Fabrício Lana.
O empresário revela estar otimista para o fim do ano e declara que está tentando tornar o saldo positivo para o fim do ano.
Já o empresário Túlio Montenegro, proprietário do Chef Túlio Internacional Butiquim, não acredita em melhora ainda neste ano. O empresário avalia que o setor ainda não conquistou a rentabilidade necessária para pagar os custos fixos do estabelecimento. “Além disso, estamos sofrendo com o aumento da inflação. Meu medo maior é mudar os preços do cardápio, porque se eu repassar esses custos para o cliente, corro o risco de perder a minha clientela”, desabafa.
Túlio Montenegro, que também tem uma clientela acima dos 50 anos, explica que muitos de seus clientes estão optando por encontros em casa. “Muitos estão com medo de sair de casa e, com a volta dos buffets, o grupo acaba contratando os serviços, se reúne na casa de um deles e conversam e distraem como faziam aqui. Só que eles se sentem mais seguros em casa”, pontua.
O proprietário do Maria das Tranças, Ricardo Rodrigues, acredita que o segundo semestre ocorrerá dentro da normalidade com o avanço da vacinação. “Com a liberação das atividades econômicas tivemos uma melhora e, claro, não terá um patamar de ganho financeiro como o de 2019, mas teremos um ganho financeiro que nos ajudará significativamente”, opina.
Ainda de acordo com Rodrigues, durante o início da pandemia, o empresário teve que dispensar alguns funcionários e atualmente contratou 50% do atual quadro dos que estão trabalhando no restaurante.
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