Setor de carnes de Minas mira China, Hong Kong, Vietnã e Emirados Árabes para driblar tarifaço

As tarifas definidas pelo governo dos Estados Unidos, que geram uma sobretaxa de 50% a alguns produtos brasileiros, já estão em vigor nesta quarta-feira (6). A carne bovina, um dos itens de destaque na pauta exportadora mineira, permanece sem isenção.
O país norte-americano representa cerca de 12% das exportações de carne bovina do Estado, com US$ 145 milhões em 2024, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes, Derivados e de Frios de Minas Gerais (Sinduscarne), Pedro Braga. “É um mercado importante pela sua estabilidade, previsibilidade e peso institucional no comércio global”, diz.
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Ele conta que, até o momento, não há informações sobre cancelamento de contratos no setor de carnes em Minas Gerais. O dirigente explica que o decreto publicado traz tranquilidade ao garantir que as cargas já em trânsito antes do início da tarifa serão recebidas nos Estados Unidos sem a nova taxação. Isso evita um prejuízo imediato para os embarques feitos em junho e julho.
Braga diz que não há frigoríficos parados em Minas Gerais, nem registro de demissões ou férias coletivas no setor. “A produção segue normalmente. As empresas seguem avaliando o cenário com cautela”, ressalta.
O presidente do Sinduscarne também destaca que o Brasil conta com um padrão sanitário e de qualidade reconhecido mundialmente, o que fortalece a posição do País no comércio internacional. “China, Hong Kong, Vietnã, Emirados Árabes e Chile são mercados com potencial de absorver parte da nossa produção. A abertura de novos destinos é uma questão de tempo”, diz.
Impactos na pauta exportadora
Em 2024, Minas Gerais exportou cerca de US$ 4,62 bilhões para os Estados Unidos, e, aproximadamente, 37% desse valor corresponde a produtos contemplados com isenção tarifária, conforme dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Apesar da isenção a alguns dos principais produtos exportados por Minas Gerais aos Estados Unidos, cerca de 63% da pauta exportadora mineira segue tarifada.
A medida, assinada na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afeta 35,9% das mercadorias enviadas ao mercado estadunidense, o que representa 4% das exportações brasileiras. Cerca de 700 produtos brasileiros ficaram fora do tarifaço.
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