Setor de máquinas e equipamentos em Minas Gerais pode escapar do tarifaço de Trump

O setor de máquinas e equipamentos em Minas Gerais deve sofrer menos que o mercado nacional com o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump. O fato de a indústria mineira de maquinário ter suas vendas quase que exclusivamente voltadas para a mineração pode garantir uma “blindagem” em meio à guerra comercial.
O mercado da indústria extrativa é o segmento de máquinas para infraestrutura e indústria de base, que tem crescido 25,5% ao longo do ano, disse a diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Cristina Zanella.
“Minas Gerais é um mercado exclusivo, o mesmo que acontece com o setor de máquinas agrícolas, que predomina menos nessa parte do mercado que está sofrendo as tarifas, com potencial de ter menos impacto. Agora, se pegar as máquinas, por exemplo, para construção civil, o grosso da nossa exportação é para os Estados Unidos, então elas tendem a ser mais impactadas”, explica.
A Abimaq mantém a expectativa de crescimento de 3,7% na receita total de vendas do setor no País, após três anos consecutivos de queda. A entidade observa no ano uma continuidade de recuperação do setor, enquanto analisa revisar expectativas frente ao tarifaço, revela Cristina Zanella, sobretudo por conta de uma possível “invasão” de produtos importados, sobretaxados no mercado americano.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
“Esse problema do tarifaço do governo Trump pode ser um fator negativo para a indústria de máquinas e equipamentos por conta das máquinas da China que podem migrar para outros países. Por enquanto a gente mantém essa perspectiva. Vamos ver como as coisas se enrolam e se vai ser necessário fazer uma revisão ou não”, disse.
A receita líquida total do setor de máquinas e equipamentos do País cresceu 15,2% no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior, e somou R$ 67,5 bilhões. O resultado foi impulsionado pelo avanço do mercado doméstico, com receita líquida interna da ordem de R$ 51,6 bilhões, 18% superior ao registrado no primeiro trimestre de 2024. Os dados são da Abimaq.
Exclusivamente no mês de março, a receita líquida total do setor nacional cresceu 13,1% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, e chegou a R$ 23,9 bilhões. Comparado a fevereiro, porém, houve uma queda de 4,9% – dado com os ajustes sazonais. A receita líquida interna em março foi da ordem de R$ 18 bilhões e ficou estável frente ao registrado em fevereiro.
O consumo aparente alcançou R$ 33,9 bilhões no mês de março, aumento de 16,8% na comparação ano a ano e queda de 8,4% – dado com ajustes sazonais – em relação a fevereiro. No trimestre, o consumo aparente cresceu 23,5% no País e alcançou R$ 99,9 bilhões.
O nível de ocupação da capacidade instalada do setor se expandiu nos últimos meses, enquanto o número de empregados em março deste ano aumentou 6% em relação a março de 2024, e chegou a 411 mil trabalhadores. Foi a oitava alta consecutiva na comparação ano a ano. Comparado a fevereiro, o avanço foi de 1,1%.
Exportações de máquinas e equipamentos para América do Norte caem
O levantamento da Abimaq mostra que, entre janeiro e março, as importações de máquinas e equipamentos aumentaram 12,9 % na comparação anual e atingiram US$ 30,6 bilhões, o maior volume já registrado em um primeiro trimestre. A China se consolidou como principal fornecedora do País, responsável por 34% das máquinas importadas no período.
Já as exportações do setor sofreram uma retração significativa, com queda de 5,8% em relação ao primeiro trimestre de 2024 e somaram US$ 1 bilhão. Um dos fatores determinantes foi a redução em torno de 30% dos embarques para Estados Unidos, México e Canadá.
Os números do primeiro trimestre causaram “espanto”, afirma Cristina Zanella, principalmente com os mercados mais relacionados à economia norte americana. Como os três países da América do Norte tem um tratado de livre-comércio, o USMCA, substituto do Nafta, as máquinas canadenses e mexicanas não sofreram aumento tarifário nos EUA, o que as deixou mais competitivas no mercado americano em relação ao maquinário brasileiro.
Ouça a rádio de Minas