Em um período marcado por resultados aquém do esperado, o setor de materiais de construção registrou faturamento de R$ 20,3 bilhões em Minas Gerais no ano passado. O valor correspondeu a 8,25% do faturamento nacional, que somou R$ 246 bilhões, representando queda de 15% em relação a 2023, quando o resultado atingiu R$ 289,3 bilhões. As vendas do varejo e as turbulências do mercado econômico nacional influenciaram no desempenho.

O presidente do Sindimaco, Julio Gomes Ferreira, pontuou que os avanços de 27,36% do dólar americano em detrimento ao real em 2024 impactaram o mercado. Segundo ele, em decorrência disso, as indústrias aumentaram o preço e não conseguiram canalizar as vendas de materiais para o varejo, resultando na queda do setor.

O recuo, embora tenha atingido a maior parcela da categoria no Estado, incluindo grandes empresas, não foi unânime. Com 21,5 mil lojas ativas em território mineiro, empresas concentradas em regiões onde o agronegócio é a atividade predominante, conseguiram se sobressair.

“O ano foi sofrido, muito disputado e o desempenho em Minas Gerais não foi positivo. Algumas empresas tiveram comportamentos diferenciados, mas a queda atingiu de pequenos negócios até companhias de grande porte”, destaca o dirigente.

Neste ano, a continuidade de um ambiente de incertezas impedem projeções de crescimento. No entanto, expectativas positivas surgem em razão da relevância da atividade atrelada à redução da tabela de preços da indústria nos últimos dias.

A ação foi influenciada pelas constantes quedas no preço do dólar americano, que se aproximava de R$ 6,30 no final do ano passado e hoje se mantém em torno de R$ 5,80. “Temos uma representatividade muito grande no PIB. O varejo de materiais de construção agora passa a ter uma expectativa positiva valorização cambial, o mercado está se acomodando mais, as indústrias reduzindo tabela e consequentemente, os preços começando a cair”, explica.

Para os próximos meses, o presidente do sindicato acrescenta que o desempenho positivo do setor com relação ao ano passado dependerá do contexto econômico brasileiro. “Apesar do aumento na taxa de juros, se houver uma perspectiva de melhora na economia, o cenário poderá ser mais animador”, conclui.

Apesar do otimismo, intenção de investimentos recua no Brasil

Apesar dos desafios, o Termômetro da Indústria de Materiais de Construção, divulgado pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) mostra que 57% dos associados esperam ter bons resultados neste mês. Já para 33%, as vendas devem ter atingido um patamar regular, enquanto 10% classificam o período como ruim.

Em dezembro, o levantamento concluiu que, para 14% dos associados, o mês foi “muito bom” e 48% considerou o período como “bom”. Em seguida, 24% avaliaram como “regular” o desempenho da categoria no último mês do ano e 14% pontuou como “ruim”.

Para os próximos 12 meses, o levantamento mostra que mais da metade (52%) dos associados devem realizar investimentos. O número é 31 ponto percentual (p.p.) menor que o indicado em dezembro e 10 p.p. inferior a janeiro do ano passado.

O indicador, segundo o presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, mostra que o recuo da intenção do nível de investimentos no momento preocupa, podendo estar ligado desafios recentes, como as condições macroeconômicas. “Apesar dos desafios, sabemos da importância de nosso ecossistema para o País, sobretudo na geração de emprego e renda. Prova disso é que as projeções de investimentos para os próximos 5 anos na Missão 3 do Nova Indústria Brasil, divulgado pelo governo no final do ano passado, totalizam R$ 1,6 trilhão, dos quais R$ 1 trilhão vem da construção”, finaliza.