Setor de obras industriais estima crescimento de 12% na receita

Embora ainda não tenha dados consolidados, a tendência é que a receita do setor de obras industriais e corporativas feche o ano com crescimento de cerca de 12% em comparação a 2021. A projeção vale tanto para Minas Gerais quanto para o Brasil. Um dos motivos para o desempenho positivo é o aumento na demanda industrial para atender o consumo interno e externo, que requereu ou a ampliação da capacidade de produção ou a instalação de novas indústrias. Para 2023, o cenário também é de otimismo.
É o que afirma o presidente da Câmara de Obras Industriais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e vice-presidente de Área da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Ilso José de Oliveira.
“Neste ano de 2022, apesar da pandemia e de todos os problemas enfrentados, nós tivemos um crescimento da receita das empresas que atuam nesse segmento de uma forma geral. Em Minas Gerais, nós tivemos um aumento bastante expressivo até, em função de uma quantidade bem razoável de projetos de indústrias que vieram para Minas”, destaca ele, que também é presidente do Conselho de Administração da Reta Engenharia.
Segundo Oliveira, apesar do aumento nos custos de produção devido principalmente à alta no preço dos insumos da construção – que se acomodaram no segundo semestre deste ano –, o período pandêmico não foi ruim para o setor. “Acredito que o saldo desses anos de pandemia para o nosso segmento foi muito positivo à medida em que nós conseguimos dar continuidade aos projetos. Em Minas, a construção foi definida como uma atividade essencial e não sofreu paralisações, o que possibilitou a dar continuidade aos trabalhos. Então neste ano que está se encerrando, as empresas tiveram a oportunidade de evoluir, de crescer e, inclusive, gerar emprego, mesmo na pandemia”, diz.
Ele reitera que, nos últimos anos, especificamente em Minas Gerais, houve uma evolução nas etapas de aprovação e licenciamento dos projetos, além de um ganho de credibilidade pelas ações do Estado, e isso é o que atrai muitos investidores e faz com o número de obras industriais e corporativas cresçam. Conforme o dirigente da Fiemg, há investimentos importantes e expressivos, por exemplo, nos segmentos de energia – especialmente energia limpa (fotovoltaica e eólica) – e na mineração. Ressalta ainda os investimentos na indústria em geral, como a de transformação e de alimentos.

Ainda de acordo com ele, o setor representa cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria da construção. Sendo assim, a receita total no País, neste ano, deve ser de aproximadamente R$ 90 bilhões a R$ 95 bilhões. “Não temos um número muito exato, até porque o cálculo do PIB não é individualizado por setor, mas eu acredito que nós vamos gerar essa ordem de grandeza”, ressalta. Em 2021, ele acrescenta que a movimentação foi de cerca de R$ 80 bilhões a R$ 85 bilhões e que houve a geração de 850 mil empregos formais nos canteiros de obras nacionais.
Para Oliveira, mesmo que a receita do setor tenha crescido cerca de 30% nos últimos três anos em relação a 2017, 2018 e 2019, ainda há espaço para evolução. Ele salienta que a produção de hoje é aquém da de períodos anteriores, como 2010, 2011 e 2012, e espera um crescimento médio de 20% a 30% para o próximo triênio. Segundo ele, somente para 2023, o setor trabalha com a estimativa de crescer nacionalmente pelo menos 10%. Já no Estado, a expectativa é de, inclusive, superar este percentual.
“Referente aos próximos anos, existe realmente apreensão com a mudança de governo, em função da continuidade de alguns projetos. Mas, em Minas Gerais, estamos otimistas. Apesar das incertezas políticas e econômicas, devemos ter, pelo menos no Estado, uma continuidade da equipe de governo, até porque o governador foi reeleito e acredito que a política industrial será mantida. Estamos otimistas com 2023 e acreditamos que temos a chance de ter no próximo período de três a quatro anos um nível de atividade bastante importante nesse segmento”, ressalta.
Desafios
O presidente da Câmara de Obras Industriais da Fiemg também salienta que o setor de obras industriais e corporativas tem vários desafios, visto que os projetos são de longo prazo e demandam investimentos altos. Entre eles, cita a melhoria da segurança jurídica para os investidores na implantação do projeto e a simplificação dos processos de liberação, que passam pela idealização do empreendimento, estudo de viabilidade e autorização para de fato implantá-lo. Os dois problemas requerem atenção especial dos gestores públicos.
“Eu acho que esses são os principais gargalos que nós precisamos estar atentos. Já por parte das empresas executoras dos projetos precisamos aprimorar muito a questão da responsabilidade social, o ESG (sigla em inglês para governança social, ambiental e corporativa). As empresas já estão trabalhando nisso, mas precisamos também aprimorar esses aspectos”, diz.
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