Setor de panificação tem resultado positivo

As panificadoras de Minas Gerais conquistaram boas vendas no último fim de ano, embora a alta no preço das proteínas, como as carnes assadas, tenha afastado um pouco o consumidor da ceia de Natal vendida pelos estabelecimentos. Em valores absolutos, o setor apresentou crescimento de 13% no mês de dezembro se comparado ao mesmo período de 2021. Se descontada a inflação, a alta foi de 7%. As informações são do presidente do Sindicato e Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão), Vinícius Dantas.
“Nós tivemos, por exemplo, muitas vendas de bebidas. As padarias estão adaptando muito esse tipo de trabalho. Vendemos também bastante refrigerantes, sucos e alguns acompanhamentos para as festividades, como tábuas de frios. Então conseguimos fazer um resultado com esses produtos periféricos um pouco mais baratos do que a grande ceia”, explica.
Confirmando as expectativas, as panificadoras espalhadas pelo interior do Estado também apresentaram resultados satisfatórios. “Eu tive excelentes notícias das vendas na região do Norte de Minas, em Montes Claros. Tive boas notícias do Vale do Aço e também da Zona da Mata, em Juiz de Fora. Então realmente eles repercutiram de forma positiva. Uma vez que o Natal caiu no final de semana e o Ano Novo consequentemente também, várias pessoas tiveram a oportunidade de ir para casa e isso ajudou muito o interior”, ressalta.
Desafios para 2023
O começo de ano costuma ser bem desafiador para os empresários, visto que normalmente, os custos dos estabelecimentos tendem a ser elevados por inúmeros fatores, como o aumento dos salários dos funcionários e o reajuste de tarifas pagas no dia a dia. Em 2023, além dos habituais desafios, existe ainda a inquietude do mercado relacionada ao início de um novo governo, que consequentemente, pode resultar em diferentes políticas econômicas.
O presidente da Amipão ressalta que toda mudança gera instabilidade e que, por isso, não pode haver precipitação neste momento. Ele enfatiza que são quatro anos pela frente e que essa é a hora de as pessoas acreditarem, pois torcer contra não é a melhor opção. Afirma ainda que cada um deve fazer a sua parte para contribuir, porém salienta, que se as políticas não forem assertivas poderá desencadear um período inflacionário até que tudo se equilibre novamente.
Apesar da ressalva, Dantas se diz um pouco assustado com os primeiros dias do ano. “Nós já tivemos 9% de aumento no transporte, 15,7% na água, temos a correção do salário com o INPC [Índice Nacional de Preços ao Consumidor] que deve chegar a 6% ou 6,5%, também já recebi informação de que teremos aumento de 9% nas embalagens já no final desse mês, então é um pouco preocupante”, diz.
E o aumento nos custos não deve parar por aí. Segundo ele, o preço da farinha pode ter alta. Da mesma forma, o leite poderá ser reajustado para cima, embora ele não acredite, visto que o período chuvoso é positivo para a produção da bacia leiteira. Já o valor da mussarela está estabilizado e o queijo minas, apesar de elevado, também encontra-se estável.
Oportunidades
Em meio aos problemas e incertezas, as panificadoras podem encontrar algumas oportunidades. Segundo Dantas, o setor passa por um obstáculo com relação ao trigo fornecido pela Argentina, país que vive uma inflação acumulada de quase 100%. Entretanto, outro mercado pode ajudar. “Estamos recebendo a informação de que a Rússia está com muito trigo em uma boa safra. Então a gente acredita que vamos receber um trigo de boa qualidade e talvez com uma boa oferta de preço”, afirma.
O presidente da Amipão também destaca que a alimentação é um bem essencial e que “indiferente da circunstância econômica, tem consumo”. Além disso, ele explica que a alta taxa de juros no Brasil dificulta a compra de bens duráveis, que normalmente possuem valores mais elevados e necessitam de prestações para serem pagos. Neste caso, as pessoas preferem abrir mão de comprá-los para não se endividarem. Logo, o dinheiro pode ser utilizado para se alimentar melhor, o que aumenta a venda de produtos alimentícios e contribui com as panificadoras.
Ouça a rádio de Minas