Setor de rochas ornamentais mantém otimismo e espera crescer até 8% em 2024

Apesar das instabilidades econômicas que o mundo e o Brasil têm enfrentado, o setor de rochas ornamentais segue em crescimento em todo o País. Com as exportações em alta e a economia brasileira aquecida, a expectativa é que o setor feche 2024 com crescimento entre 6% a 8% em relação ao ano passado.
De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas), as exportações brasileiras de rochas ornamentais e de revestimento, efetuadas para 111 países, somaram US$ 720,8 milhões e 1,27 milhão de toneladas entre janeiro e julho deste ano.
Número que representa uma variação positiva de, respectivamente, 8,5% e 16,2% frente ao mesmo período de 2023. Os números do mês de julho (US$ 123,6 milhões e 258,1 mil toneladas) foram os mais elevados de 2024.
O desempenho faz das rochas ornamentais o quinto bem mineral mais exportado pelo Brasil em valor, segundo o presidente da Abirochas, Reinaldo Sampaio. “Os bens minerais mais exportados acima das rochas ornamentais são o minério de ferro, o ouro, o cobre e o nióbio, produtos de atividades minerárias conduzidas por empresas de grande porte, gigantes da mineração”, diz.
Maior desafio do setor é instabilidade econômica mundial
Os Estados Unidos (EUA) são o principal destino das exportações em faturamento, sendo responsável por quase 60% das negociações. Mercado considerado relevante pelo presidente da Abirochas por ser um produto beneficiado. “Não se exporta matéria-prima para os EUA, é um mercado extremamente relevante por conta da sua magnitude”, comenta Sampaio.
Já a China é a que mais importa em termos de volume. O país asiático é responsável por 70% das rochas ornamentais exportadas pelo Brasil, como matéria-prima. O grau de importância das duas potências faz o futuro das exportações das rochas ornamentais incerto.
“Vamos depender muito do que acontecerá com a economia dos EUA. Há uma inquietação com relação ao desempenho da economia norte-americana. Espera-se uma mudança da taxa de juros, a inflação não cedeu tanto, o ambiente político também deve interferir nas decisões de investimentos e aumento das exportações”.
Sobre a China, o presidente cita a retração econômica como um ponto de atenção. “O menor crescimento já está repercutindo nos minerais metálicos. Então, a China é também um desafio que temos pela frente”, pontuou Sampaio.
Indústria mineira precisa investir em beneficiamento
O Espírito Santo segue como principal estado exportador do Brasil, responsável por mais de 80% das negociações para o mercado externo. Entretanto, a participação de Minas Gerais no setor é extremamente significativa na visão do presidente da Abirochas.
“Minas é o segundo maior produtor de rochas no ponto de vista da extração mineral, só perde para o Espírito Santo, onde a base industrial é consolidada. O estado mineiro juntamente com a Bahia, pela extensão territorial e pela diversidade geológica, tornaram-se os espaços de produção mais significativos das rochas exportáveis”.
Entretanto, aponta um desafio para estes dois estados. “É preciso criar estratégias e políticas para construir nestes dois estados uma base industrial”, defende. Na visão do presidente, o fomento às indústrias nestes estados ampliaria a capacidade de produção e de exportação nacional significativas.
Reinaldo Sampaio ressalta que só o avanço da exportação dos produtos beneficiados ou até para o produto final permitirá o setor crescer ainda mais, saindo da casa de US$ 1 bilhão a US$ 1,3 bilhão de faturamento anual. “Essas estratégias criariam um novo patamar de investimentos porque o beneficiamento é mais significativo do que a extração mineral, cria empregos mais qualificados e agrega valor ao produto”, diz.
Desempenho da construção civil impacta setor
O setor de rochas ornamentais se configura fundamentalmente, conforme o presidente da Abirochas, como fornecedor do setor imobiliário e da arquitetura urbanística. Dessa forma, ele só apresenta bom desempenho no mercado interno, quando o setor da construção civil também desempenha positivamente.
Assim, o que o representante das indústrias das rochas ornamentais comenta é que com um ambiente “mais razoável de convivência política” e uma dinâmica econômica positiva e sustentável “está havendo mais demanda do mercado interno”.
Ouça a rádio de Minas