Economia

Serviços em Minas crescem 0,6% no 1º semestre, abaixo da média nacional

Segundo o IBGE, avanço foi puxado por informação e comunicação, serviços às famílias e transportes; turismo no estado recuou 1,8% no período
Serviços em Minas crescem 0,6% no 1º semestre, abaixo da média nacional
Crédito: Diário do Comércio / Arquivo / Alisson J. Silva

Neste ano, o volume do setor de serviços em Minas Gerais registrou avanço de 0,6% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, ficando abaixo do crescimento nacional, que foi de 2,5%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta quinta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além do Estado, outras 19 unidades da federação também tiveram expansão no setor. O principal impacto positivo ocorreu em São Paulo (3,9%), seguido por Rio de Janeiro (2%), Distrito Federal (7,9%) e Santa Catarina (4,6%). Por outro lado, Rio Grande do Sul (-8,5%) registrou a influência negativa mais impactante sobre índice nacional.

Em Minas, três das cinco atividades analisadas apresentaram expansão. A contribuição positiva mais importante ficou com o ramo de informação e comunicação (3,7%). O segmento foi impulsionado, em grande parte, pelo aumento das receitas das empresas que atuam nas áreas de portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na internet. Também puxaram o índice as empresas de desenvolvimento e licenciamento de softwares; tratamento de dados; provedores de serviços de aplicação e serviços de hospedagem; desenvolvimento de programas de computador; e consultoria em tecnologia da informação.

Os demais avanços no semestre vieram dos serviços prestados às famílias (1,2%), impulsionados pelo aumento de receita das empresas que atuam em intermediação de negócios em geral por meio de aplicativos ou de plataformas de e-commerce; limpeza geral; e serviços de reservas relacionados à hospedagem.

De janeiro a junho também avançaram as atividades de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (0,5%), em função do crescimento das empresas que atuam com transporte aéreo de passageiros; logística de cargas; operação de aeroportos; navegação interior de carga; além de gestão de portos e terminais.

“Essas atividades têm demonstrado força em Minas, muitas vezes, acima da média nacional, e contribuem para o Estado se manter com índices positivos no contexto geral”, avalia a economista da Fecomércio-MG, Fernanda Gonçalves.

Em sentido oposto, a categoria de outros serviços (-6,1%) exerceu, junto aos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,4%), as principais influências negativas. Nesse sentido, os índices são pressionados, principalmente, pela menor receita vinda de atividades auxiliares dos serviços financeiros; administração de cartões de crédito; administração de fundos por contrato ou comissão; e manutenção e reparação de veículos automotores.

Quando observados os dados de junho, o setor de serviços em Minas Gerais retraiu 1,2% comparado a maio, registrando o recuo mais relevante do País no mês. Juntos, os resultados de Minas, São Paulo (-0,2%) e Rio de Janeiro (-0,6%) exerceram as principais influências negativas no índice de junho no Brasil, quando a alta foi de 0,3%.

Ainda segundo Fernanda Gonçalves, os meses anteriores a junho tiveram resultados positivos, e a queda registrada em junho, apesar de romper uma tendência de crescimento, não afetará fortemente o ritmo do setor no estado. “Importante destacar que o setor de comunicação tem apresentado uma tendência positiva e se tornado expressivo em Minas Gerais”, diz.

Já na comparação com junho do ano passado, houve uma retração de 0,3%, puxada principalmente pela queda do rendimento das atividades de serviços profissionais, administrativos e complementares.

Serviços devem perder fôlego no segundo semestre

Na avaliação de especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio, o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode refletir no setor de serviços no segundo semestre. Setores como carne, café e frutas não foram poupados pelas altas tarifas e, por isso, os setores de serviço e comércio devem ser impactados, segundo a economista da Fecomércio. “A redução da atividade exportadora poderá gerar corte de gastos e redução de demanda, impactando setores como os logísticos, de transportes e de consultorias”, afirma.

O economista-chefe da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), João Gabriel Pio, explica que o setor de serviços “deve perder fôlego” no segundo semestre. “Em primeiro lugar, o PMI (Purchasing Manager’s Index) do setor recuou para 46,3 em julho, indicando retração dos negócios no curto prazo. Além disso, a confiança dos serviços da Fundação Getulio Vargas (FGV) recuou pelo segundo mês consecutivo em julho”, justifica. O PMI é o índice mensal que mede a atividade econômica de um determinado setor ou País.

Entretanto, Pio reconhece que, com relação aos serviços prestados às famílias, o mercado de trabalho segue aquecido, de forma que a renda ainda deve contribuir para o crescimento da demanda. Porém, os juros altos e o patamar elevado dos preços de alimentos são fatores que devem restringir o desempenho de algumas atividades ao longo do segundo semestre.

“Além disso, temos os efeitos da política comercial americana, com uma maior incerteza entre as empresas domésticas e a menor demanda em algumas atividades, com destaque para o transporte de cargas”, avalia.

Com base nesse cenário, o economista projeta um crescimento de 2,2% para o volume de serviços no Brasil em 2025.

Volume de atividades turísticas cai 1,8% em Minas

Minas Gerais foi o segundo estado a apresentar maior queda no primeiro semestre quando observado o volume das atividades turísticas. De acordo com o indicador acumulado de janeiro a junho de 2025, enquanto as atividades turísticas expandiram 6,6% frente a igual período do ano passado no Brasil, o estado teve, junto ao Mato Grosso, as únicas perdas do turismo no período, marcando queda de 1,8% e 4,3%, respectivamente.

Quatorze dos dezessete locais investigados registraram taxas positivas, onde sobressaíram os ganhos vindos de São Paulo (6,1%), Rio de Janeiro (14,2%), Bahia (9,3%), Rio Grande do Sul (9,4%), Santa Catarina (7,7%) e Paraná (5,5%).

No entanto, para a economista Fernanda Gonçalves, apesar do índice negativo, quando avaliado o cenário em geral no Estado, o quadro é diferente.

“Em pesquisa da Fecomércio-MG que avalia o orçamento do consumidor, entre os que poupam, 11% destinam o recurso ao turismo. Isso revela que o turismo não está como serviço supérfluo, mas sim como algo necessário e de bem-estar. O turismo é muito presente em Minas Gerais”, diz.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas