Economia

Setor de transportes ainda sofre com os efeitos das chuvas

Setor de transportes ainda sofre com os efeitos das chuvas
Transportadoras são afetadas pela disparada nos preços de combustíveis e até mesmo falta de algumas peças de reposição | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

As fortes chuvas que atingiram Minas Gerais no início do ano ainda deixam marcas na economia mineira. Esse é o caso do setor de transportes, que depende das condições das rodovias para o tráfego de automóveis e realização das entregas, cenário que é sentido mais fortemente. Mas não é só: o preço dos combustíveis, que representa um terço do custo das transportadoras, a dificuldade em encontrar peças e até mesmo veículos resultam em um cenário desafiador. 

O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Gladstone Lobato, ressalta que este primeiro trimestre do ano tem sido atípico para o setor. No período de chuvas, ele lembra que o atendimento ao Vale do Aço, por exemplo, foi um dos mais prejudicados diante da queda de uma barreira no município de Rio Casca, além de outras interdições na Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

As dificuldades especificamente ligadas às rodovias que atravessam o Estado, no entanto, não são novas. “Minas Gerais é conhecido como o maior trevo do Brasil. Mas é aqui também que temos as piores estradas. A nossa demanda no ano foi alta, mas ficou represada. Nós temos vontade de crescer, mas estamos inseguros porque as estradas não cabem mais veículos. Já não cabe o que tem então a demanda fica reprimida”, aponta Lobato em relação aos impactos das chuvas e o atendimento aos clientes.

O presidente do Setcemg detalha que, após janeiro, as empresas transportadoras se adequaram para atender novamente a demanda. Para isso, alguns trajetos foram alterados, tornando os caminhos mais extensos até os destinos finais. Nesse sentido, ele cita que para desviar das interdições em estradas mineiras, rotas alternativas passando pelo Rio de Janeiro e por Guanhães (Médio Espinhaço) foram consideradas, ainda que, neste último caso, não houvesse infraestrutura suficiente para a mudança e que o aumento do tempo de entrega signifique mais custos para as empresas.

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Lobato explica que empresas precisam usar rotas mais extensas | Crédito: Emerton Eleuterio

Combustível e falta de peças

Contudo, em meio à adequação das transportadoras, o mês de março reservou o que Gladstone Lobato apontou como um transtorno: o aumento nos preços dos combustíveis. Ele lembra que de 30% a 35% dos custos das empresas são referentes ao abastecimento dos veículos. 

Esses valores são seguidos pela folha de pagamento aos funcionários (25%) e pela troca de pneus, que chegam a ocupar uma parcela de 7% a 9% dos custos. Em relação ao preço de manutenção, o presidente do Setcemg aponta que é difícil mensurar os gastos fixos para o item no setor, já que há diferenças a depender do modelo. 

Com a elevação dos preços dos combustíveis, as empresas tiveram dificuldades para negociar ajustes nos contratos. Mesmo em meio às reclamações da clientela, o representante do sindicato afirma que não houve outra forma, sendo que ainda há uma parcela a ser incluída no valor do frete que corresponde às peças, aos pneus e à manutenção.  

As dificuldades também se estendem à falta de peças e componentes utilizados em veículos automotores de diferentes portes. Em alguns casos, acrescenta Lobato, faltam até mesmo veículos para suprir a demanda. 

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