Setor é o único em Minas que demite mais do que contrata

O comércio foi o único setor da economia de Minas que demitiu mais pessoas do que contratou em 2018. Até julho, o déficit de vagas de emprego formal no segmento foi de 9 mil postos. Os principais motivos para o resultado negativo são a concorrência apertada, as demissões, no começo do ano, de funcionários contratados temporariamente no fim do exercício anterior para as vendas natalinas e a sazonalidade da primeira metade do ano, normalmente menos aquecida que a segunda.
A avaliação foi feita pelo coordenador do Departamento de Economia da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Guilherme Almeida. “É um ambiente de alta concorrência e tem a questão sazonal. No primeiro semestre, não é tão bom para o comércio quanto no segundo, em função das datas de fim de ano”, afirmou o economista.
De acordo com Almeida, outubro, novembro e dezembro são os três melhores meses para o varejo, já que reúnem datas como Dia das Crianças, a Black Friday e Natal. “Nesse período, ocorrem as admissões de temporários e, no início de ano seguinte, ocorrem os desligamentos desses funcionários”, explicou.
Os dados da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg) também reforçam a tese da sazonalidade. No acumulado até julho deste ano, foram extintas 20,5 mil empresas no Estado, 17,1% a mais que as extinções registradas no mesmo período de 2017 (17,5 mil).
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“O comércio tem como característica um ambiente de muita concorrência. O varejo, muitas vezes, comercializa bens sem grandes diferenças de um estabelecimento para outro. Essa disputa por clientes acaba não sendo efetiva para algumas empresas, levando ao seu fechamento e essa extinção de estabelecimentos também leva a demissões”, avaliou o economista da Fecomércio Minas.
Saldo – Com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), até julho deste ano, Minas Gerais registrou saldo (admissões – demissões) positivo na geração de empregos de 102,8 mil postos de trabalho, já descontando as demissões do intervalo, 47% mais do que nos mesmos meses de 2017, quando o saldo foi de 69,9 mil empregos.
Os setores que mais alavancaram o saldo do emprego formal no Estado nos sete meses deste ano foram a agropecuária e serviços, mas a construção civil e a indústria da transformação também tiveram saldo positivo. O comércio de Minas foi também o único segmento que cortou postos de trabalho no período.
O setor registrou saldo negativo de 9 mil vagas entre janeiro e julho, com a admissão de 229,9 mil pessoas e demissão de 238,9 mil trabalhadores. Ainda assim, o resultado foi menos grave do que o déficit de 10 mil vagas eliminadas pelo segmento nos mesmos meses de 2017.
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