Economia

Setor de eventos em Minas Gerais critica fim do Perse

Governo federal desiste de acabar com desoneração de 17 setores, mas segmento não foi contemplado por MP
Setor de eventos em Minas Gerais critica fim do Perse
Crédito: Adobe Stock

Apesar da desistência do governo federal em acabar com a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia em uma medida provisória publicada nessa quarta, o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) não contou com a mesma disposição. Entidades representativas do setor em Minas Gerais criticam que a medida pode criar um efeito cascata na área de eventos e buscam alternativas com o fim do programa.

Para o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), Stefan D’Amato, o fim do Perse pode causar consequências significativas na economia. As empresas organizadoras, promotoras e prestadoras de serviços para eventos poderão enfrentar dificuldades financeiras com aumento da tributação e menor capacidade de renegociar dívidas.

A redução do número de empregos, desaceleração do consumo e enfraquecimento de setores vinculados aos eventos poderão reverberar em toda a cadeia produtiva. “Considerando a expressiva influência do setor de eventos, o término do Perse poderia desencadear um efeito cascata, comprometendo não apenas a recuperação econômica, mas também afetando negativamente indicadores essenciais, como o PIB e o emprego no País”, disse D’Amato.

O economista da Fecomércio MG aponta que uma alternativa para as empresas do setor, tanto de Minas Gerais quanto do Brasil, é a busca por parcerias público-privadas (PPPs) e apoio governamental para implementação de medidas que minimizem os impactos financeiros.

Neste caminho, Stefan D’Amato sugere a oferta de linhas de crédito específicas, incentivos fiscais regionais ou programas de estímulo para o ramo. “Além disso, a inovação e adaptação a novas formas de realizar eventos, como eventos híbridos ou virtuais, podem ser exploradas (pelas empresas) para manter a atividade econômica e atrair públicos diversos”, explica.

Impactos do fim Perse no turismo de Minas Gerais

Stefan D’Amato comenta que, sem o programa, o turismo de Minas Gerais pode ter sua capacidade de manter o crescimento nos últimos anos comprometida. Com isso, não apenas a economia local seria afetada, mas emprego e renda associados à atividade. “A análise dos dados disponibilizados pelo IBGE, sugere que o turismo experimentou um aumento significativo após a implementação do Perse, evidenciando sua eficácia na estimulação da atividade turística”, explica.

Essa preocupação vem em um momento que o turismo mineiro ainda enfrenta efeitos de uma reorganização após o período pandêmico, comenta José Eugênio Aguiar, presidente do Sindicato das Empresas de Turismo do Estado de Minas Gerais (Sindetur-MG). “Viemos dessa pandemia e temos ainda, principalmente em agência de viagens, muita remarcação de pacotes programados que as pessoas não puderam fazer. Com o Perse, ajudou muito, porque conseguimos conciliar receita e despesa”, afirma.

O presidente da entidade lamenta não contar mais com o apoio do governo federal em uma realidade com despesas cada vez mais altas. Ele espera a mesma disposição do poder público com o setor de turismo como para outros setores. “É um impacto muito forte para nós do turismo, que alavancamos o PIB brasileiro sem chaminé, sem (tanta) poluição. Não temos o respaldo merecido do governo, principalmente federal, para nos apoiar igual o apoio às companhias aéreas (por exemplo)”, finaliza Aguiar.

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