Economia

Setor de franquias supera projeções e cresce 13,5% em 2024

Faturamento alcançou a marca de R$ 273 bilhões e previsão é de nova alta neste ano
Setor de franquias supera projeções e cresce 13,5% em 2024
Crédito: Freepik

Dados divulgados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) revelam que o mercado de franquias brasileiro segue pujante e cresceu 13,5% em 2024 na comparação com o ano anterior. Assim, a meta de 10% estabelecida no final de 2023 foi deixada para trás e o faturamento alcançou a marca de R$ 273 bilhões. No 4º trimestre, o setor cresceu 11,3%, totalizando R$ 81,086 bilhões.

A pesquisa de desempenho elaborada pela ABF revela, ainda, que o volume de operações do setor cresceu 0,9% e chegou a 197.709 unidades. Já entre as associadas à entidade, a pesquisa mostrou uma taxa de abertura de novas operações de 17,8% (superior à de 2023 que foi de 17,3%), um volume de encerramentos de 6,4% (também superior ao ano anterior que foi de 5,9%), resultando em um saldo positivo de 11,7%, pouco mais do que os 11,4% de 2023. Já o repasse chegou a 3,4%, contra 4,3% no período anterior.

De acordo com o presidente da ABF, Tom Moreira, o cenário macroeconômico, com baixa taxa de desemprego e aumento da massa salarial ajuda a explicar, apenas em parte, o bom desempenho das franquias em 2024.

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“Mesmo com o impacto da inflação, o franchising brasileiro, assim como outros setores, superou as expectativas iniciais. Esse resultado, porém, não seria possível sem o forte trabalho das redes franqueadoras de ajustarem suas operações e ofertas aos consumidores. Destaque especial à busca de eficiência operacional, o avanço da digitalização e os novos formatos, que permitem a abertura de novos territórios para as marcas”, explica Moreira.

Expansão é registrada em todos os segmentos

O estudo apontou crescimento de todos os 12 segmentos listados pela ABF no ano passado. O de melhor desempenho foi “Entretenimento e Lazer”, com 16,6%. Entre os fatores que mais influenciaram estão: a melhora contínua do mercado de trabalho, da baixa taxa de desemprego, do aumento da massa salarial – que eleva o tíquete médio -, e da demanda reprimida, ainda como reflexo da pandemia.

“Verificamos um crescimento de franquias relacionadas a entretenimento, como brinquedos interativos, trampolins, máquinas de ursos de pelúcia entre outros. Essas redes, em sua maioria, estão alocadas em shopping centers, cujo segundo maior motivo de visitação passou a ser o entretenimento, de acordo com a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers)”, observa.

“Saúde, Beleza e Bem-Estar” ficou em segundo lugar, com avanço de 16,5%. O segmento se beneficia do envelhecimento da população, com uma demanda maior por casas de repouso e necessidade de cuidados especializados, e também do maior acesso à telemedicina, o que, de modo geral, tem melhorado a dinâmica desse segmento.

Redes sociais influenciam padrões de beleza e autocuidado

Também há maior demanda das pessoas por produtos de beleza e pelo autocuidado, e das mais jovens por beleza e bem-estar. A influência das redes sociais é um fator decisivo sobre padrões de beleza e de autocuidado que perduram desde a pandemia.

Além das clínicas de estética manterem um bom desempenho, a Associação acompanha o crescimento das chamadas beauty techs e do consumo de suplementos, produtos naturais, orgânicos e veganos, testes de pele, dietas específicas, entre outros.

E, logo após, aparecem os segmentos de “Alimentação – Food Service” e “Alimentação – Comércio e Distribuição”, com crescimento de 16,1% e 14,7%, respectivamente.

“Entre os fatores que se destacaram está o movimento contínuo de retorno ao trabalho presencial, que deve perdurar pelos próximos anos. O aumento da massa salarial e o volume de pessoas empregadas também sustentam esse movimento, favorecendo as refeições fora do lar e o delivery, além do consumo de produtos de maior valor agregado.

O segmento experimenta, ainda, o maior consumo de alimentos de indulgência, o que levou ao crescimento de redes de sorveterias, docerias e marcas especializadas em açaís, como reflexo também das temperaturas mais altas”, detalha.

Perspectivas para 2025

Ainda que as projeções para o próximo ano apontem para uma desaceleração da economia brasileira, a perspectiva para o franchising nacional é bastante positiva. A entidade projeta um crescimento de 8% a 10% no faturamento do setor em 2025, e expansão de cerca de 2% nos indicadores de operações, redes e empregos diretos. 

A pressão inflacionária e a previsão de que a taxa Selic pode chegar a 15%, em abril, além do câmbio, são considerados os principais pontos de atenção porque impactam fortemente a confiança de empreendedores e consumidores.

Entre as principais tendências para o setor no próximo ano, estão: 

  • Uso de tecnologia. especialmente inteligência artificial (IA), gerando ganho de produtividade e redução de custos;
  • Sustentabilidade: busca por práticas sustentáveis e disseminação de conhecimento nas operações;
  • Criação de novos formatos para entrar em novas cidades sem perder o DNA da empresa;
  • Demanda por negócios com investimento de até R$ 250 mil;
  • Franqueados multiunidades
  • Comportamento do consumidor: autocuidado e indulgência;
  • Aumento das fusões e aquisições, alocação de capital de fundos de investimentos e crescimento das multifranqueadoras.  

“Apesar dos desafios que já se colocam, entendemos que a atuação em rede será o grande trunfo das franquias, assim como aconteceu em 2024. O investimento contínuo em tecnologia, uso de dados e capacitação empreendedora serão fatores ainda mais fundamentais para o desenvolvimento sustentável dos negócios no setor”, pontua.

Sobe patamar de unidades em rankings de maiores franquias e microfranquias em 2024

Pela primeira vez, a “nota de corte” atingiu a marca de 400 operações nas 50 Maiores Franquias e 387 operações nas 20 Maiores Microfranquias. O volume somado de operações em ambos os rankings também subiu, crescendo 7% e 17%, respectivamente. Dezoito redes superaram mil operações e as quatro primeiras formam o seleto grupo acima de 2 mil. 

Na liderança do “Ranking das 50 Maiores”, pelo terceiro ano consecutivo, aparece a Cacau Show (Alimentação), com 4.216 operações, com uma expansão de mais de 10%. Em seguida, O Boticário (Saúde, Beleza e Bem-Estar), com 3.746 operações, e em terceiro, McDonald’s (Alimentação – Food Service), com 2.704 operações.

Na lista, a primeira franquia mineira mais bem colocada em 2024 é a Localiza, em 33º lugar, com 605 unidades; seguida pela Empório Mineiro Cherin Bão, em 40º lugar, com 553 operações. 

O “Ranking ABF das 20 Maiores Microfranquias por Operações” também apresenta as três primeiras marcas nas mesmas posições da edição anterior. O 1º lugar é da rede Market4U (Alimentação) pelo segundo ano consecutivo, que subiu de 2.100 para 2.185 operações, com 4% de variação. Na vice-liderança, a Prudential (Serviços e Outros Negócios), que expandiu 17,8%, saltando para 1.986 operações. Na terceira posição, a Seguralta – Bolsa de Seguros (Serviços e Outros Negócios), com 1.779 operações (+6,4%).

“Os rankings estão em linha com o resultado dos segmentos, demonstrando a importância do trabalho de gestão realizado pelas franqueadoras e que deve continuar frente aos desafios que o franchising brasileiro deve enfrentar em 2025”, conclui o presidente da ABF.

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