Economia

Setor imobiliário defende redução da taxa de juros e legislação padronizada

Dados da Abrainc apontam que, a cada 1% de juros reduzido das taxas de financiamento, 200 mil famílias são inseridas no mercado imobiliário
Setor imobiliário defende redução da taxa de juros e legislação padronizada
Foto: Divulgação PBH

O setor imobiliário defendeu taxas de juros mais baixas e uma padronização da legislação no quesito regulamentação para manter resultados positivos no próximo ano. As propostas foram debatidas durante a 2ª edição do Encontro de Incorporadores do Estado de Minas Gerais (INC Minas), realizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), nesta quinta-feira (4), no Minascentro, em Belo Horizonte.

Durante o encontro que reuniu especialistas e lideranças para discutir oportunidades, desafios e perspectivas do setor no Estado, o presidente da Abrainc, Luiz França, mostrou como a queda da taxa de juros pode contribuir para a inserção de compradores no mercado imobiliário.

“A cada 1% de juros reduzido das taxas de financiamento, 200 mil famílias são inseridas no mercado imobiliário. Taxa de juros alta é sinal de menos compradores no mercado. Nossos clientes são, em sua maioria, dependentes de financiamento e a redução das taxas beneficia muito”, comentou.

A perspectiva da redução de juros, somada à criação da Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida, destinada a famílias de classe média e às mudanças das regras do uso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) são fatores que, para o presidente da Abrainc, podem fortalecer ainda mais as vendas no ano que vem. “A inserção da classe média nos programa de financiamento foi uma grande conquista que nós tivemos este ano”.

Para relembrar, a Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida foi criada pelo governo federal em maio deste ano e permitiu que famílias com renda entre R$ 8 mil e 12 mil financiassem imóveis de até R$ 500 mil, com taxas mais baixas. Além disso, as novas regras do sistema de habitação passaram a permitir o uso do FGTS para compra de imóveis de até R$ 2,25 milhões.

Mudanças que o presidente a Abrainc considera positivas e promissoras. “Quando o Brasil tiver redução da taxa de juros, o mercado imobiliário vai crescer muito. Isso porque temos um déficit habitacional de 6 milhões de domicílios e uma necessidade no futuro de 11 milhões de moradias. Ainda há muita gente precisando comprar imóvel, sem contar as pessoas que querem mudar para uma casa melhor ou maior”, afirmou.

Foto: Diário do Comércio/Juliana Sodré

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Raphael Lafetá, também criticou os altos patamares das taxas de juros. “Não é só o setor da construção civil, mas toda a economia depende de taxas de juros mais baixas”, defendeu.

Segundo Lafetá, o setor tem boas perspectivas para o ano que vem, uma vez que o déficit habitacional continua a patamares de 30 anos atrás. “A expectativa com relação à demanda é gigante, mas basta saber se a gente vai ter condições de oferecer. Para dar esta oferta, precisamos de uma economia estável e de taxas de juros mais acessíveis”, comentou.

Para o presidente do Sinduscon-MG, desafios como a questão da mão de obra e da cadeia produtiva são ajustáveis. “A gente traz investidores. Um País com uma taxa de juros baixa, desenvolve, cresce, moderniza e inova”.

No entanto, na opinião de Lafetá, os problemas não envolvem apenas as taxas de juros e o governo federal, há também ações do executivo municipal e estadual que poderiam contribuir para o setor. “Estamos discutindo e conversando com os administradores municipais de vários níveis para que a gente possa modernizar a legislação, possibilitando a questão da padronização do nosso setor. Isso vai ajudar demais a fazermos mais habitação, com melhor qualidade melhor e maior produtividade, a custos mais acessíveis”.

Governador defende desburocratização

Por meio de transmissão on-line, o governador Romeu Zema (Novo), participou do evento e endossou a avaliação do presidente do Sinduscon-MG e disse que mantém “diálogo fácil” com o setor produtivo.

“É isso que o Brasil precisa, de governos que trabalhem ao lado de quem produz riqueza. E não de governos que desconsiderem ou que compliquem a vida. Tendo em cada cidade uma legislação e uma especificação diferente. Isso é um terror para quem quer reduzir custo e construir no Brasil. No meu governo nós agimos exatamente no sentido contrário, escutando e fazendo tudo a quatro mãos”, disse.

Como solução, Raphael Lafetá defendeu a integração da sociedade. “A administração pública tem um papel fundamental quando normatiza comportamentos, tipos e tamanhos de construções. Do contrário, ela engessa e impossibilita a atividade econômica. Mas também defendemos o trabalho em conjunto: empresas, administração pública e cidadão em prol do acesso à casa própria com uma mobilidade melhor, gastando menos tempo no trânsito e com acesso à condições melhores de vida”, finalizou.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas