Indústria sob pressão: 5 passos para minimizar o impacto do tarifaço

Com o tarifaço imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump, as indústrias brasileiras afetadas pela medida agora precisam ter duas preocupações elementares: defender o caixa e recuperar a competitividade.
O sócio da KPMG Carlos Ottoni avalia que a recente liberação de uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, por parte do governo federal, dá um fôlego no curto prazo, sobretudo para o capital de giro, mas irá impactar no caixa adiante. “O custo de financiamento será repassado ao consumidor gradualmente, a produção terá que ser ajustada ao consumo e a margem das empresas será impactada”, afirma.
Diante disso, Ottoni também destaca cinco passos, com orientações práticas para os setores afetados encararem a nova realidade.
1. Buscar novos mercados
Diversificar destinos reduz a dependência dos EUA e dilui riscos. Priorize clientes eregiões onde a empresa já possua registros, certificações ou parceiros. Acelere a prospecção via feiras e câmaras binacionais, além de adaptar a rotulagem e padrões técnicos quando necessário.
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2. Ampliar a eficiência operacional
Mapeie custos “porta a porta” (insumos, frete, armazenagem, seguros) e execute ações rápidas: renegociação com fornecedores e transportadoras, revisão de mix e de lotes de produção, redução de desperdícios e estoques, e digitalização de rotas e prazos para encurtar ciclos de pedido a entrega.
3. Buscar benefícios que aliviem o caixa
Avalie a antecipação de recebíveis, seguros de crédito à exportação, alongamento de prazos com a cadeia e uso de instrumentos de proteção cambial. A regra é simples: liquidez primeiro — preserve capital de giro para atravessar o período de ajuste.
4. Ampliar a eficiência tributária
Reforce o controle de créditos tributários (incluindo os ligados a exportações) e evite “dinheiro parado” por falhas de apuração. Planejamento tributário consistente — sem artifícios — reduz a carga efetiva e melhora a margem em um momento de preços pressionados.
5. Aderir a regimes aduaneiros especiais (como drawback e similares)
Isso permite suspender ou isentar tributos sobre insumos destinados a produtos exportados, aliviando o fluxo de caixa até a realização da venda externa. Outra opção é o programa da OEA (Operador Econômico Autorizado) que reconhece empresas com alto padrão de conformidade e segurança logística, oferecendo desembaraço mais ágil e previsível. Menos inspeções e filas significam menores custos logísticos e menor imobilização de estoque.
“Quem agir rápido preserva o caixa, protege margem e mantém competitividade até que o ambiente externo volte a ser mais favorável”, conclui o especialista.
Colaborador
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