Setor de joias e bijuterias supera obstáculos do mercado externo e avança em Minas

Em um ano cercado por desafios, o mercado de joias e bijuterias encerrará 2024 com crescimento em torno de 5% na comparação com 2023. Apesar dos avanços acompanhados pelo bom desempenho do varejo, a categoria avalia que fatores como a concorrência com produtos chineses e a alta no preço do ouro impediram que os resultados fossem ainda mais acentuados.
De acordo com o presidente do Sindijoias Ajomig, Murilo Graciano, para o segmento de bijuterias, o maior desafio segue sendo a concorrência com produtos oriundos da China, que é considerada desleal. A categoria acredita que, por uma questão de política econômica, a entrada de produtos de até US$ 50 ainda é simplificada, o que acaba trazendo uma extrema concorrência com produtos brasileiros.
Para o segmento de joias, o principal desafio citado é a alta no preço do ouro, que, neste ano, bateu recordes históricos com avanços que superam 30%. Fatores externos, como conflitos e tensões geopolíticas, além do cenário de incertezas com relação à eleição presidencial – nos Estados Unidos, estão entre os motivos que levaram a uma disparada.
As consequências já podem ser sentidas no mercado joalheiro e na indústria de folheados. “Este cenário fez com que o preço aumentasse e trouxe um clima de insegurança para o setor. Além disso, a instabilidade na economia nacional, como a alta dos juros, fez certamente com que o consumo fosse afetado”, pontua Graciano.
Como todo setor na atualidade, mão de obra é outro fator que preocupa a categoria. Para o próximo ano, novas políticas de capacitação serão implementadas, especialmente para lapidação de gemas e redução da informalidade.
A partir dos cursos, os trabalhadores conseguirão evoluir em diversas frentes, de técnicas a administrativas, e com isso poderão entender a importância de exercerem as atividades dentro da formalidade. “Contamos com grandes parceiros que oferecem cursos de capacitação e incentivam os profissionais a atuarem formalmente. Com isso, esperamos que ano a ano esses números sejam alavancados para que o setor consiga mensurar melhores as conquistas e necessidades de cada segmento”, avalia.
Apesar de cauteloso, segmento articula novidades para o próximo ano
Para 2025, apesar da expectativa positiva quanto ao desempenho do comércio, o setor de joias e bijuterias se mantém cauteloso e espera suprir os gargalos a partir da promoção de capacitações, participação em feiras e na diversificando dos canais de vendas para maior alcance dos associados.
Avanços na mineração de gemas também são esperados. Hoje, o segmento passa por um cenário de escassez de matéria-prima, em virtude de algumas fontes ainda estarem em processos de licenciamentos.
“Propomos uma política para que o setor público possa olhar para o nosso segmento, trazendo uma legislação mais específica para o setor de gemas, com níveis de exigências, direitos e deveres proporcional ao segmento, que já atua com baixíssimo impacto ambiental”, conclui Graciano.
Desenvolvimento de marca é essencial para setor de joias e bijuterias
Impactado pelos fatores externos, o empreendedor e conselheiro do setor, Manoel Bernardes, considera que o investimento em branding e a diversificação de produtos seguem protegendo a empresa contra as turbulências do mercado. “Este ano foi extremamente desafiador para o mercado de joias. Apesar disso, atingimos nossos objetivos e esperamos um ligeiro crescimento para 2025”, pontua.
Ele avalia que a tendência é que micro e pequenas empresas sejam as mais impactadas pelas flutuações do mercado e, por isso, se torna ainda mais necessário que o desenvolvimento de marca seja feito, independentemente do porte do negócio.
“Empresas que não têm desenvolvimento de marca certamente sofreram mais do que aquelas com que possuem um maior valor agregado. Quando competimos apenas por preço, é muito mais difícil se manter no mercado”, considera.
Além da marca, a diversificação de produtos é uma estratégia que garante a sustentabilidade do negócio em períodos de alta em determinados insumos. Neste ano, além das joias, objetos de luxo, como relógios, apesar de apresentarem alta nos preços, continuam com crescimento na demanda em todo o mercado.
“O mix de produtos também é extremamente importante para agregarmos valor à marca. Ao estarmos associados a empresas renomadas, isso traz uma percepção maior de valor e confiabilidade para os negócios”.
Para 2025, Manoel Bernardes espera um melhor cenário global para que os preços estabilizem e que o câmbio não ultrapasse R$ 6. Como parte das novidades, a empresa seguirá lançando duas coleções autorais por ano, além de idealizar novos projetos.
“Estamos trabalhando permanentemente com produtos e ideias diferentes em sintonia com novos consumidores. Se não tivermos um trabalho de diversificação, perdemos parte do mercado”, conclui Manoel Bernardes.
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