Setor moveleiro cresce 10% em Minas e projeta cautela para 2026

Acompanhando o bom momento do mercado imobiliário, o setor moveleiro deve encerrar o ano em expansão dentro do esperado. A avaliação é do presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário e de Artefatos de Madeira no Estado de Minas Gerais (Sindimov-MG), Maurício de Souza Lima.

O crescimento em torno de 10% é considerado satisfatório diante de um cenário econômico marcado por juros elevados e restrições ao crédito. Segundo o presidente, o desempenho do setor está diretamente ligado ao comportamento da construção civil. Quando a atividade imobiliária avança, a demanda por móveis tende a acompanhar esse movimento.

Levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), divulgado no início de dezembro e noticiado pelo Diário do Comércio, aponta que o mercado imobiliário registrou avanço de 20% nas vendas neste ano. O resultado foi impulsionado principalmente pela alta procura pela casa própria, estimulada por programas sociais, fator que acabou beneficiando segmentos ligados à cadeia da construção, como o moveleiro.

Apesar do desempenho positivo, Souza Lima ressalta que o setor enfrenta entraves estruturais. Entre os principais está a taxa de juros elevada, que limita investimentos produtivos, especialmente em tecnologia. Para ele, a falta de modernização compromete ganhos de produtividade e torna o setor menos atrativo para novos profissionais.

A dificuldade de atração de mão de obra, em especial de trabalhadores mais jovens, também é apontada como um desafio relevante. Além disso, a informalidade segue como um fator de pressão, com impacto mais significativo sobre empresas de móveis planejados, que enfrentam concorrência fora do mercado formal.

Segundo o presidente do Sindimov-MG, praticamente todas as indústrias do setor mantêm vagas em aberto, mas encontram dificuldades para preenchê-las. Diante desse cenário, as empresas têm buscado soluções internas, como a formação de mão de obra própria, a contratação de profissionais mais experientes para determinadas funções e o investimento em capacitação.

Como parte desse esforço, o sindicato atua em parceria com o Senai Cedetem, localizado em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A iniciativa tem como foco a formação de trabalhadores para atender às demandas específicas da indústria moveleira. O Senai Cedetem é voltado exclusivamente para o setor e é a primeira escola com esse perfil em Minas Gerais.

Expectativa é incerta para 2026

Apesar do crescimento registrado neste ano, a avaliação para 2026 é marcada pela cautela. Souza Lima afirma que não há expectativa de avanço do setor e que o cumprimento das metas já seria considerado um resultado satisfatório.

De acordo com o presidente, anos eleitorais costumam reduzir o ritmo da atividade econômica, especialmente no setor público, que tende a operar em compasso mais lento. A realização da Copa do Mundo também é vista como um fator que pode impactar o desempenho, ao alterar temporariamente o comportamento do consumo e da atividade produtiva.

Além desses elementos, o dirigente destaca que a confiança dos empresários será determinante para o próximo ano. Para ele, o ambiente de incerteza reforça a postura defensiva do setor. “O ano de 2026 é mesmo uma incógnita”, conclui.