Economia

Empresários e especialistas do setor de saneamento buscam soluções para gestão de carbono

Workshop que começou nesta quinta-feira (10) em Belo Horizonte visa debater o impacto das mudanças climáticas e da gestão de carbono nas atividades do saneamento ambiental
Atualizado em 10 de outubro de 2024 • 23:53
Empresários e especialistas do setor de saneamento buscam soluções para gestão de carbono
Workshop que debate os efeitos das mudanças climáticas e da gestão de carbono acontece em Belo Horizonte | Crédito: Diário do Comércio/ Juliana Sodré

As mudanças climáticas são um problema global que se agrava com o aumento das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera. As consequências incluem: escassez de água potável; aumento do nível do mar e das inundações; insegurança alimentar; e longos períodos de estiagem. 

Com o objetivo de discutir os impactos das mudanças climáticas e da gestão de carbono nas atividades de saneamento ambiental, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) promove a partir desta quinta-feira (10), em Belo Horizonte, o workshop de Mudanças Climáticas e a Gestão do Carbono e Saneamento, com a participação de especialistas, empresários e autoridades.

O setor busca soluções para a infraestrutura de saneamento enfrentar este de eventos climáticos extremos. Afinal, ela vai precisar se adaptar e ser resiliente para enfrentar esses fenômenos, que afetam diretamente a disponibilidade e a qualidade da água, a coleta de esgoto e o tratamento de resíduos. “As mudanças climáticas não são mais apenas estudos, elas já estão acontecendo. Daí a pressa e a necessidade de investimentos e integração do setor”, alertou o presidente nacional da Abes, Marcel Sanches.

Dados de um estudo da Agência Nacional de Águas, focado na bacia hidrográfica do rio Taquari-Antas, no Rio Grande do Sul, apresentados por Sanches, mostram que cada R$ 1 investido em sistemas de alerta para eventos climáticos extremos pode evitar perdas de até R$ 661. 

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Para o presidente da Abes, as informações do estudo são provas da necessidade de uma abordagem mais integrada e de investimentos mais robustos em infraestrutura de saneamento no Brasil: “Não investir agora significa enfrentar custos muito maiores no futuro, tanto financeiros quanto sociais. Precisamos estruturar ações concretas de mitigação desses efeitos em um curto prazo”.

Para ele, é essencial que o setor de saneamento atue de forma integrada em busca de soluções que garantam a preservação ambiental e a qualidade de vida das pessoas. Secas extremas trazem falta d’água e desabastecimento que impactam a atividade econômica do País. Por outro lado, o excesso de chuva também, como visto na tragédia do Rio Grande do Sul.  “Como a gente prepara as nossas cidades para isso? Então, estamos em busca dessa troca de experiências, para que a gente possa antecipar as soluções”, reiterou.

Marcel Sanches considera ainda a necessidade de uma integração política para mitigar as mudanças climáticas. “Os conceitos de resiliência precisam estar internalizados. A Copasa, citando o exemplo daqui, precisa ter recursos suficientes que vêm das tarifas para promover maior estocagem de água, maior redução de perdas e mitigar esses efeitos do clima”, disse. 

Inovação e sustentabilidade como aliadas

O diretor de desenvolvimento da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Pablo Andreão, afirmou que a agenda sanitária possui inúmeras frentes de atuação. “Nossos desafios vão se ampliando: reúso de água, reutilização do lodo, mudança da nossa matriz energética. São diversas áreas que podemos atuar para amplificar esta nossa agenda de inovabilidade, ou seja, de inovação com sustentabilidade. Porém, nós precisamos ter um plano de ação estruturado para que a gente alcance cada passo destes enormes desafios”.

Por último, o presidente da Abes ainda alertou: “que as tragédias recentes no Rio Grande do Sul e as queimadas descontroladas em nossos biomas sirvam como chamada para ação. Precisamos reconhecer a urgência de investimento em prevenção, gestão eficiente dos recursos hídricos e tecnologias de baixo carbono”.

Universalização sanitária é maior desafio de Minas Gerais

Representando a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), a diretora de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário, Isabela Meline Simões, comentou sobre os desafios para atingir a universalização sanitária, já que Minas Gerais possui 83% de água tratada e 58% de tratamento de esgoto.

“Temos muito a avançar para universalizar o saneamento para todos os 853 municípios. Notamos que as áreas rurais são as mais afetadas pelo desabastecimento e temos programas importantes para levar a dignidade para as pessoas mais carentes”, afirmou.

Ela também comentou sobre o desenvolvimento do programa “Saneamento Legal” para prestar apoio técnico aos municípios. “Já começamos com 86 municípios e estamos na fase de estruturação para levar capacitação para que os servidores possam adquirir recursos e elaborar os planejamentos municipais de saneamento”.

Os desafios e as soluções seguem sendo debatidos nesta sexta-feira (11), no auditório da Copasa,  em Belo Horizonte.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas