Setor de serviços em Minas Gerais cresce 1,5% em setembro e supera média nacional
O volume de serviços em Minas Gerais cresceu 1,5% em setembro, frente a agosto de 2025, na série livre de influências sazonais, enquanto o Brasil mostrou um avanço menor, de 0,6% no mesmo período. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (12).
Conforme o IBGE, a maior parte dos estados registrou expansão no volume de serviços em setembro, evidenciando o movimento observado no País. Entre os locais que apresentaram taxas positivas, o impacto mais relevante, além de Minas Gerais, veio de São Paulo (1,1%), seguido pelo Distrito Federal (8,3%), Rio Grande do Sul (2,8%), Rio de Janeiro (0,8%) e Bahia (3,3%).
De acordo com o analista do IBGE responsável pela pesquisa em Minas Gerais, Daniel Dutra, o setor de Serviços auxiliares aos transportes e correio (+2,7%), juntamente com Transporte de cargas e Armazenagem de grãos e mercadorias, devido à safra deste ano, foram as atividades que mais contribuíram para a alta em setembro no Estado.
“Em nove meses, o setor de serviços teve quatro resultados positivos, quatro negativos e uma estabilidade, o que resultou em um crescimento muito tímido, quase uma estabilidade (0,2%) no acumulado do ano”, afirma.
Taxa Selic impacta resultados
Nesse cenário, o economista e professor dos cursos de Gestão e Relações Internacionais do UniBH, Fernando Sette, avalia que a taxa Selic elevada reduz o apetite ao consumo e à tomada de crédito, inibindo a expansão de muitos segmentos.
“Essa estabilidade próxima de zero mostra que o setor está praticamente ‘andando de lado’, sem força suficiente para puxar a economia”, explica.
Sobre a Selic, o professor ressalta que o setor de serviços é um dos primeiros a ser afetado pelos sucessivos aumentos da taxa básica de juros e pela consequente manutenção em patamar elevado. A taxa, em 15%, está no maior nível desde julho de 2006.
Segundo ele, o aumento da Selic tende a frear o setor, já que os juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança em detrimento do consumo. Isso reduz a demanda por serviços, especialmente aqueles ligados ao consumo das famílias, como lazer, turismo e alimentação fora de casa.

“Dessa forma, o dinamismo da economia diminui, já que o setor de serviços depende diretamente do gasto corrente da população”, comenta.
No entanto, ele pontua que o crescimento apresentado em Minas Gerais deve-se ao fato de o setor de serviços do Estado ser voltado para atividades empresariais e industriais, menos sensíveis ao consumo direto das famílias.
“Ou seja, mesmo com uma Selic elevada, segmentos como transporte de cargas e serviços técnicos continuaram impulsionando o resultado estadual”, avalia o professor.
Minas tem retração na comparação anual
Quando comparados os números de setembro de 2025 com o mesmo mês do ano passado, o resultado de Minas Gerais foi inferior ao nacional. Enquanto o Estado avançou 1,7%, o Brasil registrou alta de 4,1% em relação a setembro de 2024.
Nessa base de comparação, o professor Fernando Sette avalia que a redução de 1,7% para 1,5% demonstra que o ritmo de expansão do setor de serviços está perdendo força. Segundo ele, isso ocorre porque, com o aumento da Selic, o crédito ficou mais caro e as famílias passaram a consumir menos, priorizando o pagamento de dívidas ou a poupança.
“Esse comportamento reflete uma economia mais contida e menos dinâmica. Ainda assim, o índice positivo mostra que o setor mantém crescimento, embora em ritmo mais lento. O setor resiste, mas o cenário de juros altos impõe uma desaceleração natural, especialmente nas atividades mais sensíveis ao consumo”, analisa.
Na comparação anual, a expansão foi observada em quatro das cinco atividades investigadas. Destaque para o item Outros serviços, que teve alta de 5,2%, e o setor de Transporte, que variou positivamente em 2,7%. O setor de Serviços de informação e comunicação (2%) e o de Serviços profissionais, administrativos e complementares (0,3%) também apresentaram avanço. Em contrapartida, os Serviços prestados às famílias registraram recuo de 3,1% na mesma base de comparação.
Os Serviços de tecnologia da informação, Transporte de cargas e Serviços empresariais foram os principais impulsionadores do aumento em Minas Gerais, segundo o economista do UniBH. Segundo ele, essas atividades não dependem diretamente do consumo das famílias, mas do funcionamento da cadeia produtiva e da demanda das empresas, o que as torna menos vulneráveis à alta da Selic.
Além disso, o avanço da digitalização e a expansão do comércio eletrônico continuaram sustentando o transporte e os serviços logísticos, que tiveram bom desempenho mesmo em um cenário de crédito caro.
Atividades turísticas avançam 0,2% em Minas Gerais

Em setembro de 2025, o índice de atividades turísticas apontou variação positiva de 0,2% frente ao mês imediatamente anterior, resultado próximo à média nacional, de 0,1%. No entanto, na comparação entre setembro de 2025 e setembro de 2024, o índice de volume de atividades turísticas no Estado apresentou recuo de 6,2%, exercendo o principal impacto negativo na média nacional, que foi de expansão de 4,6%.
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, o agregado especial de atividades turísticas mostrou expansão de 5,7% frente a igual período do ano passado no Brasil, impulsionado pelos aumentos de receita obtidos por empresas dos ramos de transporte aéreo de passageiros, serviços de bufê, reservas relacionadas a hospedagens, hotéis e restaurantes.
Regionalmente, Minas Gerais recuou, com queda de 3,7%. Para esta retração, o professor do UniBH também atribui o impacto da Selic elevada.
“Ela desestimula viagens e lazer, e leva o consumidor a priorizar a poupança ou o pagamento de dívidas. Além disso, o aumento nos custos de hospedagem e transporte tornou o turismo menos acessível”, explica.
Outro fator seria a base de comparação elevada do ano anterior, quando houve uma forte retomada pós-pandemia. O recuo atual, portanto, sinaliza uma normalização e um ambiente de menor consumo em um contexto de economia mais contida.
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