Economia

Setor de serviços em Minas Gerais tem desempenho abaixo da média nacional

A queda, no entanto, não impactou o acumulado do ano, que continua positivo em 2,4%, puxado, principalmente, pelo desempenho do setor de turismo
Setor de serviços em Minas Gerais tem desempenho abaixo da média nacional
Crédito: Sergio Moraes / Reuters

O setor de serviços registrou queda de 1,1% em Minas Gerais no mês de agosto, interrompendo, assim, a série de altas que vinham sendo registradas consecutivamente desde junho deste ano.

A queda, no entanto, não impactou o acumulado do ano, que continua positivo em 2,4%, puxado, principalmente, pelo desempenho do setor de turismo.

No acumulado de 12 meses o índice é ainda maior, alcançando 3,5%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (11), na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Das 27 unidades federativas pesquisadas, 20 assinalaram retração no volume de serviços em agosto de 2024, na comparação com o mês imediatamente anterior, acompanhando o recuo observado no resultado do Brasil (-0,4%).

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Com o resultado de agosto, de acordo com o economista do C6 Bank, Heliezer Jacob, o setor de serviços em Minas Gerais está operando 2,5% abaixo do pico atingido em abril de 2024, e 31,6% acima do nível pré-pandemia, desempenho que é mais do que o dobro da média nacional (15%).

Segundo o analista do IBGE responsável pela pesquisa em Minas Gerais, Daniel Dutra, dentre os locais que apontaram taxas negativas nesse mês, os impactos mais importantes vieram do Distrito Federal (-9,4%) e do Rio de Janeiro (-1,6%), seguidos por Minas Gerais (-1,1%), Goiás (-2,3%), São Paulo (-0,1%) e Pará (-2,7%).

Em contrapartida, Mato Grosso (2,1%) e Bahia (1,2%) exerceram as principais influências positivas do mês.

Na avaliação do professor de Ciências Contábeis e diretor da Estácio Floresta, Alisson Batista, a queda surpreendeu um pouco em função de 2024 ser um ano eleitoral, o que poderia ter puxado o setor serviços para cima.

O especialista avalia, porém, que o oitavo mês do ano é, assim como setembro, um “período de calmaria” ante a um primeiro semestre bastante aquecido, para uma posterior retomada

“É um período que sofre uma queda esperada. Apesar de haver o Dia dos Pais, não é uma data que consegue suportar o desempenho do Dia das Mães ou dos Namorados. Então, é um mês que eu diria ser uma ‘ressaca’ antes da retomada do último trimestre que vem com black fryday, Natal e as comemorações de fim de ano”, avalia.

Outro fator relevante pontuado por Batista é o período pós-férias. Em julho as famílias têm gastos extras, viajam, e o mês de agosto normalmente não possui nem feriado. “Então, é esperada uma retração das atividades de comércios, bens e serviços neste mês”.

Outro ponto que explica o resfriamento da economia no oitavo mês do ano são as ações do governo para o controle inflacionário, que reduzem a movimentação do comércio. “A própria queda das vendas de combustíveis é reflexo dessa retração da economia”.

Em outubro, o professor vislumbra o início da retomada. “Temos um crescimento do setor acima da inflação, o que evidencia que há um crescimento real e que ele deve se fortalecer no último trimestre do ano”.

Em Minas Gerais, com relação ao mesmo mês do ano anterior, o Estado registrou alta de 0,3% no volume de serviços, puxada, principalmente, pelos serviços prestados às famílias (6,6%) e pelos serviços de informação e comunicação (5,4%).

Atividades turísticas crescem 9,1% em Minas no acumulado do ano

Quando analisadas apenas as atividades de turismo do Estado no acumulado do ano (janeiro a agosto), elas apresentaram expansão em relação ao mesmo período do ano passado. Em Minas Gerais, os ganhos foram de 9,1%, a maior alta do País, considerando o período. O índice é 7.6 pontos percentuais maior que o nacional, que avançou 1,5% no período. 

“O turismo em si acaba alavancando outros serviços acessórios, contribuindo para o setor de serviços de um modo geral. Indiretamente, ele impacta os serviços como um todo. Aquecido, ele movimenta o comércio, o setor de transportes, dentre outros”, avalia Batista.

Analisando somente o mês de agosto de 2024, entretanto, Minas Gerais é um dos 11 dos 17 locais que assinalaram retração se comparado ao mês anterior. Além de Minas, que registrou queda de 1,7%, as influências negativas mais relevantes ficaram com São Paulo (-0,8%) e Rio de Janeiro (-2,1%), além do Pará (-7,9%).

Em sentido oposto, Rio Grande do Sul (8,0%) liderou os ganhos nas atividades turísticas, seguido por Santa Catarina (2,3%), Distrito Federal (2,1%) e Paraná (1,3%).

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