Economia

Setor de transformação impacta produção da indústria em Minas Gerais

Índice recuou 0,3% em abril na comparação com mesmo mês de 2024; já o segmento teve baixa maior e registrou queda de 1,8%
Setor de transformação impacta produção da indústria em Minas Gerais
Foto: Adobe Stock

A desaceleração econômica do País, com manutenção da taxa básica de juros (Selic) em patamar elevado e menor demanda, mais um comércio internacional desafiador, têm afetado a indústria de transformação mineira e, por consequência, contribui para a produção industrial de Minas Gerais se distanciar da média nacional durante o ano.

Afetada pela importação de aço da China e as tarifas dos Estados Unidos, a metalurgia deve continuar pressionando para baixo o desempenho do segmento de transformação no Estado e, consequentemente, de toda a produção industrial mineira.

A produção da indústria mineira recuou 0,3% em abril na comparação com o mesmo mês de 2024, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi o mesmo observado no Brasil na mesma base de comparação.

O segmento de transformação no Estado recuou 1,8% em abril frente ao mesmo período do ano passado, enquanto a indústria extrativa mineira cresceu 3,3% nessa comparação ano a ano.

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Em relação ao mês anterior, a produção industrial de Minas Gerais também recuou 0,3% em abril, desempenho abaixo do crescimento de 0,1% registrado pela indústria nacional.

Já no acumulado dos primeiros quatro meses deste ano, o resultado do Estado foi um crescimento de 0,1% na produção industrial, enquanto no País foi de 1,4%. No acumulado dos últimos 12 meses, a produção da indústria de Minas Gerais teve variação positiva de 1,7%, enquanto a indústria nacional alcançou alta de 2,4%.

“No acumulado do ano mostra certa estabilidade do crescimento da indústria, o que significa para a gente que a economia vem desacelerando. Isso já vem sendo esperado não só em Minas, como no Brasil”, declarou a coordenadora de Economia e Finanças Empresariais da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Juliana Gagliardi.

Ela aponta que a produção industrial mineira deve manter certa estabilidade nos próximos meses. “Muito por conta desse contexto macroeconômico do Brasil, que influencia nesses segmentos. O cenário internacional influenciando sobre a metalurgia, e a indústria extrativa, por sua vez, tem uma demanda e uma produção menos volátil a esses fatores. Então, é esperada uma recuperação do setor em relação ao ano anterior”, explica.

Metalurgia de Minas Gerais tem recuperação pontual em meio a impactos do exterior

Dentre as 14 atividades analisadas pelo IBGE em Minas Gerais, seis apresentaram crescimento na produção industrial no mês de abril em relação ao mesmo mês de 2024.

O acréscimo produtivo da indústria extrativa foi seguido da alta detectada nos segmentos de bebidas (10,4%) e também veículos automotores, reboques e carrocerias (10%). As produções das indústrias de produtos químicos (5,8%), metalurgia (2,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,3%) também registraram altas na comparação ano a ano.

Em contrapartida, a produção de celulose, papel e produtos de papel caiu 68,6% e contribuiu para redução na produção industrial do Estado. O mesmo ocorreu com a produção de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-16,6%); de produtos de minerais não metálicos (-9,6%); de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-9,5%) e de máquinas e equipamentos (-4%). Outras quatro atividades analisadas pelo IBGE registraram baixa.

Juliana Gagliardi revela que a Fiemg ainda não conseguiu identificar a queda tão expressiva na indústria de papel e celulose em Minas e que o segmento de máquinas, aparelhos e materiais elétricos é afetado pelo menor consumo das famílias, que impacta a demanda de eletroeletrônicos e eletrodomésticos.

Já o crescimento pontual da metalurgia, segundo a economista da Fiemg, decorre de uma base de comparação baixa em 2024. “Quando a gente olha para 2025, ainda que tenha uma recuperação pequena, influencia essa faixa, mas a metalurgia ainda está sofrendo todos esses reveses, do aço chinês, do tarifaço, todas essas problemáticas do cenário internacional”, disse.

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