Siderúrgicas elevam margens em meio a cenário desafiador

Algumas das principais siderúrgicas que atuam no Brasil conseguiram elevar as margens operacionais no primeiro trimestre deste ano em comparação a igual intervalo de 2024. O resultado positivo ocorreu mesmo diante de adversidades, como as elevadas importações e a taxação dos Estados Unidos sobre o aço brasileiro enviado ao País.
A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), por exemplo, elevou a margem Ebitda ajustada do braço de siderurgia em três pontos percentuais (p.p), para 9%. A margem da operação brasileira da Gerdau – siderurgia e mineração – teve o mesmo avanço, indo a 14,1%. Por sua vez, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) registrou um crescimento ainda maior na margem da área de siderurgia, de 3,6 p.p., para 7,9%.
O sócio-diretor da Belo Investment Research, Paulino Oliveira, esclarece que o aumento das margens operacionais das produtoras de aço aconteceu, essencialmente, com as empresas aumentando a eficiência das operações e também reduzindo custos, já em resposta a um ambiente mais desafiador que o setor enfrenta no Brasil.
Para o economista e assessor da iHub Investimentos, Lucas Sharau, as siderúrgicas entregaram números melhores do que o mercado esperava. A Gerdau aumentou a receita líquida e controlou as despesas. Enquanto isso, a Usiminas teve impacto positivo nos custos de produção, o que ajudou os resultados. Ao passo que a CSN teve resultado financeiro pressionado, mas boa performance na operação siderúrgica e da mineração.
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“Então, de forma geral, mesmo com todos os desafios enfrentados pelo setor, como as importações, dólar alto, concorrência da China e cenário externo instável, as empresas brasileiras conseguiram se adaptar. Buscaram eficiência, reduziram despesas, renegociaram contratos e isso se refletiu nas margens”, sublinha.
Sharau diz que o desempenho das siderúrgicas indica uma resiliência do setor, porém, liga o alerta de que não dá para depender apenas de esforço interno. É preciso ter um ambiente econômico e político mais favorável para garantir competitividade ao longo prazo, ou seja, se não houver estímulo à produção, combate às importações predatórias e uma política industrial clara, a sustentabilidade da siderurgia fica ameaçada.
Empresas não conseguem recuperar preços em razão das importações
Com uma visão um pouco diferente dos demais, o analista de investimentos da AGF, Pedro Galdi, avalia que, no geral, os resultados do braço de siderurgia da Usiminas, CSN e Gerdau foram fracos no Brasil. Ele afirma que a entrada de aço da China segue apontada pelas empresas como o vilão para que não consigam recuperar preços.
“Na teleconferência da Usiminas, foi citado que as vendas físicas de aço ficaram na faixa de 1 milhão de toneladas, mesmo patamar de aço importado no período. Com uma fatia hoje acima de 20% do mercado local, fica difícil reajustar preços. Então, a busca tem sido administrar melhor os custos e despesas operacionais”, afirma.
Segundo Galdi, as três empresas foram penalizadas no Brasil. Conforme o analista, a Gerdau performou melhor nos Estados Unidos, com antecipações de compras de clientes antes do novo critério de taxas comerciais do país. Ele pontua que, o braço de mineração, geralmente, ajuda nos dados consolidados das siderúrgicas, mas no primeiro trimestre, com a queda do preço do minério de ferro, a contribuição foi negativa.
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