Sigma Lithium já planeja construir 4ª linha de produção

*De Vitória (ES)

A Sigma Lithium já planeja construir uma quarta linha de produção no complexo Grota do Cirilo, localizado entre as cidades de Itinga e Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha.

Conforme a CEO da empresa, Ana Cabral-Gardner, a aceitação comercial e a vantagem competitiva do lítio verde produzido na planta são tão significativas que existe demanda para quatro fluxos de trabalho.

De acordo com ela, a possibilidade de expansão está na esteira de viabilidade das primeiras etapas do projeto. Isso porque a fase 1 começou há poucos meses e já está dando frutos, o que dá confiança para os investidores.

A empresa também pretendia implementar a segunda linha industrial em 2024 e a terceira em 2026, mas decidiu fazer ambas de uma só vez no próximo ano. Isso vai permitir que a mineradora salte do sexto lugar de maior produtora do mundo para o quarto.

Vale lembrar que até o momento foram investidos R$ 3 bilhões no complexo. Segundo a CEO, a companhia destinará mais R$ 1 bilhão para a construção das duas novas linhas já planejadas.

Primeiro embarque

Ontem, a Sigma realizou o primeiro embarque de materiais produzidos no Vale de Jequitinhonha. Saíram do Porto de Vitória (Vports), no Espírito Santo, rumo à China, 30 mil toneladas, sendo 15 mil de lítio pré-químico de alta pureza e a outra metade de rejeitos ultrafinos. O despacho foi efetuado para a chinesa Yahua, que deve receber os produtos em aproximadamente 30 dias.

Essa foi a primeira exportação de lítio verde padrão triplo zero do mundo, considerado o mais elevado nível de sustentabilidade industrial na fabricação de insumos para baterias de veículos elétricos. Em sua produção, não se utilizam agentes químicos nocivos, não há emissão de carbono e como a operação é feita com empilhamento a seco, também não existem barragens de rejeitos.

Autoridades estiveram presentes ao evento de celebração do carregamento de lítio verde, visto como um marco ambiental na indústria metalúrgica-mineral brasileira. Entre eles, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, o governador mineiro Romeu Zema (Novo) e o chefe do Executivo capixaba, Renato Casagrande (PSB).

No encontro, Zema reiterou que, a partir desse envio, um novo ciclo de mineração começa em Minas Gerais e no Brasil e disse que, em breve, serão milhões de toneladas exportadas. Ele ainda ressaltou que o lítio verde faz com que o Estado e o País participem ativamente da transição energética global.

“Se o mundo vai depender de lítio e quer um produto ecologicamente correto, com zero carbono, terá de comprar o lítio brasileiro, mineiro e do Vale do Jequitinhonha”, comemorou.

Ações socioambientais

A CEO da Sigma salientou as ações socioambientais voluntárias que a empresa vem promovendo no local onde está situada. Ela também ressaltou a importância econômica da operação para o Vale do Jequitinhonha e disse que, voluntariamente, a empresa está recolhendo os royalties da mineração em cima do produto final industrializado a preço-navio.

“Estamos pagando os 2% sobre o preço de R$ 30 mil a tonelada para deixar mais legado social no Vale do Jequitinhonha. E o que isso representa? Um recolhimento tributário que vai mudar a vida das pessoas em uma escala que nunca aconteceu na região”, afirmou.

Ana Cabral-Gardner também revelou que o próximo embarque ocorrerá daqui a um mês. Segundo ela, como agora a Sigma já tem produtos estocados, uma vez que a produção iniciou-se em abril, os embarques vão crescer progressivamente. Conforme a CEO, o objetivo é fechar 2023 com 130 mil toneladas de lítio verde e mais cerca de 150 mil de rejeitos ultrafinos exportadas.

*O jornalista viajou a convite da Sigma Lithium