Sigma seguirá investindo independente do preço do lítio, diz CEO

A Sigma Lithium continuará com investimentos para expansão, independentemente do preço do lítio no mercado internacional, disse a CEO da empresa, Ana Cabral-Gardner. A mineradora registrou um prejuízo de US$ 51,3 milhões no ano passado e uma produção recorde de 240,8 mil toneladas (t) no ano passado, no seu complexo industrial Grota do Cirilo, nas cidades de Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha.
Os dados estão em balanço divulgado nessa segunda-feira (31). O aumento de 83,9% no prejuízo em 2024 em relação ao registrado em 2023, quando houve déficit de US$ 27,9 milhões, vem a reboque dos fortes investimentos realizados pela mineradora para expandir sua planta e dobrar a produção do mineral estratégico no Vale do Jequitinhonha.
No último ano, as despesas de capital somaram US$ 23,8 milhões, enquanto os pagamentos de juros sobre empréstimos totalizaram US$ 31,5 milhões. O investimento foi responsável pela Sigma alcançar o maior volume de produção na história da companhia no quarto trimestre de 2024, de 77 mil t, o que deixa a Sigma em posição confortável para alcançar o guidance de 2025, de produzir 270 mil toneladas por ano (t/a) – 67,5 mil toneladas a cada trimestre.
“Esse ‘prejuízo’ é o investimento, isso volta em lucro operacional. E a gente vai continuar, deixamos claro que não há dividendos até dezembro de 2026. Estamos aqui há 12 anos e nunca retiramos um real de dividendo. Estamos investindo em inovação, entregamos um circuito único no mundo, que resultou nesses recordes trimestrais históricos. Esse trabalho é paulatino de aumento de eficiência ambiental da operação fabril, que se traduz em volumes”, disse Ana Cabral-Gardner.
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Os números dos investimentos, volume de produção e fluxo de caixa alcançados no quarto trimestre de 2024, fazem a CEO da Sigma considerar o resultado do ano como “excepcional” e estar otimista com o futuro da empresa, mesmo diante do cenário incerto que vive a commodity, frente a uma desvalorização retumbante nos últimos anos. Para Ana Cabral-Gardner, o preço do lítio já atingiu o piso no mercado, de cerca de US$ 800/t. Além disso, a CEO revelou que os planos de venda da mineradora estão descartados.
“O que que a gente teve aqui é uma demonstração de que, independente do preço do material, a Sigma gera fluxo de caixa positivo. Essa mensagem é muito forte, porque estamos no pior momento de baixa do ciclo, estar lidando com esse momento e conseguir entregar essa resiliência de fluxo de caixa é algo único”, declarou Ana Cabral-Gardner.
Em 2024, a Sigma apurou uma receita líquida de US$ 151,3 milhões, cifra superior aos US$ 135,1 milhões registrados no ano imediatamente anterior. A companhia disse que os ajustes provisórios de preços não monetários reduziram os números. Em todo o ano, a Sigma vendeu cerca de 236,8 mil toneladas do mineral estratégico.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da mineradora foi de US$ 16,8 milhões. Sem os ajustes provisórios de preços não monetários, o Ebitda subjacente da Sigma obteve uma margem de 25% no ano passado. A empresa encerrou o período com um valor de caixa e equivalentes de US$ 45,9 milhões, contra US$ 48,5 milhões ao final de 2023.
Com a expansão industrial, a dívida de curto prazo da Sigma saltou de US$ 9,4 milhões em 2023 para US$ 60,3 milhões ao final de 2024. E o endividamento total passou de US$ 119 milhões no penúltimo ano para US$ 173,6 milhões no fechamento do último exercício.
Receita da Sigma cresce 127% no quarto trimestre
No último trimestre do ano passado, a Sigma relatou uma produção de 77 mil toneladas de lítio e uma venda de 73,9 mil toneladas do insumo, uma alta 28% frente ao terceiro trimestre de 2024. As receitas totais da empresa foram de US$ 47,3 milhões nos últimos três meses do ano, um crescimento de 127% sobre a receita reportada no trimestre anterior.
Apesar de registrar um prejuízo de US$ 8,5 milhões no período, a Sigma obteve uma margem bruta de caixa de 42%. O Ebitda ajustado no último trimestre foi de US$ 12,3 milhões, o que representa uma margem de 26%.
A receita líquida foi de US$ 151,3 milhões, cifra superior aos US$ 135,1 milhões registrados no ano imediatamente anterior. A companhia disse que os ajustes provisórios de preços não monetários reduziram os números. Em todo o ano, a Sigma vendeu cerca de 236,8 mil toneladas do mineral estratégico. A empresa ainda relatou uma redução de 15% no custo de vendas por tonelada de um trimestre para o outro, ao monetizar economias de escala.
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