Economia

Sigma vai produzir lítio sem barragem de rejeito

Produção de tecnologia verde começa em 2023
Sigma vai produzir lítio sem barragem de rejeito
De acordo com a companhia mineradora Sigma, o investimento total para a fase 1 da obra (foto) foi de R$ 1,2 bilhão | Crédito: Divulgação/Sigma

A mineradora Sigma Lithium será a primeira empresa a produzir lítio sem barragem de rejeito em todo o planeta. A produção de tecnologia verde terá início já nos primeiros meses de 2023, pretendendo gerar US$ 460 milhões em receita líquida, seguindo a média de custo de US$ 2 mil por tonelada de lítio, valor referência do período equivalente à fase 1 da obra. O projeto segue em fase de construção, originada de uma planta ambientalmente sustentável com a sua sede na mineira Itinga e agora em expansão para o município de Araçuaí, cidades vizinhas, localizadas na região do Vale do Jequitinhonha.

Segundo a própria empresa, o recurso mineral total do projeto nº 43.101 teve elevação de 50%, partindo de 58,9 milhões de toneladas para um total de 85,7 milhões. Ou seja, um acréscimo de aproximadamente 27 milhões de toneladas de óxido de lítio de alto grau e alta pureza. Com o crescimento no montante dos recursos, o fortalecimento do projeto Grota do Cirilo torna o depósito mineral de lítio de grau de bateria cada vez mais representativo e entre os maiores do mundo.

“Estamos trabalhando há seis anos para sermos sustentáveis, e, nos últimos dois anos, vimos uma demanda expressiva por parte dos veículos elétricos, que fizeram da Sigma uma possibilidade de conquistar cada vez mais o seu espaço”, conta a Co-CEO da companhia Ana Cabral Gardner.

Segundo ela, houve uma grande mudança na demanda de veículos elétricos no pós-pandemia. “A dinâmica foi totalmente transformada, principalmente abrindo os novos mercados ocidentais, na Europa e nos Estados Unidos. Nesses mercados, existe uma exigência de sustentabilidade para insumos que é diferente dos outros mercados. Prova disso é que os novos consumidores e que são bem informados passaram a questionar o que possuem dentro dos carros e se eles são realmente compatíveis com as propostas sustentáveis em que são apresentados”, conta.

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“O bacana para o Brasil e para o mercado de Minas Gerais, em especial o Vale do Jequitinhonha, é que você entra numa cadeia tão importante, que é a do lítio, pela porta da frente e com tapete vermelho. Ou seja, com um produto entre os mais sustentáveis do mercado e dos mais disputados comercialmente. Um grande projeto, com 100% de energia renovável, 100% de água reciclada, 100% de dry-stack rejeitos”, afirma Gardner, que também acompanha todas as ações ligadas ao ESG na Sigma.

Decreto 

Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro editou um decreto dando liberdade à importação e exportação de lítio sem autorização prévia. Para Ana Gardner, a decisão do governo federal é louvável. “É preciso comemorar muito, pois é uma decisão que favorece Minas Gerais. Com certeza, o Vale do Jequitinhonha é a região que será a maior beneficiada com isso. Há empresas de capital aberto, assim como empresas da Austrália, vindo para Minas Gerais, ou seja, outras ‘Sigmas’ prestes a investir no Estado. Nós apostamos no Vale do Jequitinhonha porque é uma região que não tem agricultura, não tem pecuária e não tem indústria. Então, Minas será muito beneficiada com este decreto. Isso permite que o mercado se amplie cada vez mais”.

Fase 1 do projeto deve se encerrar neste ano

A fase 1 da planta tecnológica será finalizada neste ano, para iniciar a produção de lítio no início de 2023. Em 2021, a terraplanagem foi iniciada com várias fases. Ela teve início com a participação de biólogos para a captura da fauna da Caatinga, entre cobras e serpentes, típicas da região, estando agora com o avanço de 25% de conclusão.

“O interessante é notar que essa relação do início da obra ao fim não é linear, assim como a linha de pessoal também não é linear. Até pouco tempo estávamos com 300 trabalhadores na obra. Depois migramos para 400, formando uma curva hipérbole, para em direção de um pico de 600 pessoas entre obra civil e etapa eletromecânica, que deve acontecer em breve entre outubro e novembro. As estruturas superficiais sob solo estão começando a subir. É mensurável ao olho nu o avanço da obra”, analisa a Co-CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral Gardner.

De acordo com a empresária, o investimento total para essa fase 1 da obra foi de R$ 1,2 bilhão, seguindo o orçamento antes previsto pela empresa para o início das obras em 2021. “O Estado de Minas Gerais é muito privilegiado por conta de um investimento como este. Nós somos um dos maiores investidores de Minas Gerais atualmente, e todo esse desembolso está ocorrendo numa região que não recebia volumes de investimentos nesse porte até o advento do lítio”.

“A agregação de produto de valor é que propicia esse investimento grande, cuja parte 10% é mineração e o resto é todo da reta tecnológica e dessa construção da planta. A mina, por exemplo, custou R$ 120 milhões, mas a chave da questão é a planta, pois sem ela não teríamos a ótica da transformação tecnologia verde nesta cadeia”, explica a Co-CEO, que ainda pontua: “Com isso, o compromisso de investimento foi colocado no caixa no ano passado, sendo esta a última fase de desembolso pelos acionistas. Do investimento total, já foram desembolsados R$ 850 milhões para a realização da obra, que de certa forma vem sendo consumida ao longo do tempo que essa planta tecnológica vem avançando. Estamos trabalhando em cima do orçamento”, conclui a Co-CEO. (DA)

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